O telhado que ainda resiste é de Marselha, na França, enquanto as 30 colunas de ferro fundido que sustentam o forro de treliça são escocesas.
Mesmo em ruínas, a rotunda de Ribeirão Vermelho disputa uma posição de destaque: a de maior estrutura do gênero da América Latina.
Outra rotunda mineira, erguida em Além-Paraíba, também está no páreo pelo título.
Apesar de um passado de imponência, a reportagem encontrou parte da antiga “oficina de luxo” escorada por madeiras para não desabar.
Sem nunca ter sido restaurada e por décadas dilapidada, a construção está prestes a entrar em colapso.
“Fico triste quando ouço que há uma casa, aqui em Ribeirão, com pisos da rotunda. Se esse patrimônio tivesse sido preservado, o município ganharia muito”, diz a servidora Maria Moraes, 23.
O prefeito Célio Carvalho (PDT) afirma que a única intervenção que conseguiu concretizar foi desenterrar o espaço, no centro da rotunda, onde as locomotivas eram consertadas. “Tiramos mais de 200 caminhões de terra só dali”, aponta o prefeito.
A prefeitura mantém dois funcionários no local que fazem pequenos reparos na construção. E só.
“Para recuperar a rotunda e todo o parque ferroviário seria preciso investir pelo menos R$ 7 milhões. Não temos esse recurso”, diz Carvalho.
A arquiteta Luciana Bracarense pesquisa soluções de restauro para a rotunda em um doutorado na Ufop (Universidade Federal de Ouro Preto). Segundo ela, a ideia é utilizar aço nos processos de restauração do local.
“A rotunda é testemunha da arquitetura do ferro no Brasil. Hoje, tem-se ali apenas uma representação do que a construção foi um dia.”
PATRIMÔNIO DE MINAS
O parque ferroviário de Ribeirão Vermelho, cidade que hoje não passa dos 4.000 habitantes, foi tombado como patrimônio de Minas Gerais em agosto.
Com isso, a prefeitura receberá recursos do ICMS Cultural gerado no Estado para investir em readequações na rotunda e nas demais estruturas do complexo.
Hoje, apenas o prédio da antiga estação de passageiros é utilizado. Lá, funcionam duas secretarias e um ponto para acesso à internet.
Os trilhos que rasgam Ribeirão Vermelho ainda seguem movimentados: hoje, locomotivas da Vale passam carregadas de produtos minerais.
Enquanto o recurso não vem, Carvalho diz que tenta “arrumar a casa” para captar recursos e transformar o parque ferroviário em um polo turístico.
A rotunda, pelo menos, já atrai casais recém-casados que encontram no local um cenário único.
“É linda, rústica, mas não a queremos assim. Espero que seja reformada logo”, afirma Maria Rocha, 37, que vestida de noiva saiu de Lavras (a 10 km dali) para uma sessão de fotos no local.
FONTE http://brasil.blogfolha.uol.com.br/2014/10/02/hospital-das-locomoti...
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