Prezado
Secretário Osório,
Tenho recebido dezenas de e-mails de pessoas, e entidades
preservacionistas, indignadas com o leilão de trens da Supervia, autorizado
pelo Estado.
Indignados porque esse material foi considerado - erroneamente! - como inservível
e será vendido a preço de sucata de ferro.
Ledo engano, pois essas "velhas caixas metálicas com rodas de
metal", tem durabilidade secular (que o diga os Ingleses, com seus
tesouros ferroviários preservados e em operação até hoje) e podem ter serventia
mais nobre antes de serem irremediavelmente picotas pelo maçarico.
Saiba, senhor Secretário, que uma das maiores dificuldades para
implantação de dezenas de projetos de TTR-Trens Turísticos e Regionais, assim
como projetos culturais, é a falta de material rodante. E o Governo do Estado
está contribuindo para o agravamento desta dificuldade.
Para reforçar os argumentos acima, solicito a leitura do pequeno artigo
abaixo.
Trem velho não é sucata; é cultura e educação, por
Antonio Pastori (*)
Mais um pouco da memória ferroviária do Estado do Rio vai desaparecer em
breve. Cerca de 97 vagões, ou melhor, carros de passageiros das décadas de 60,
70 e 80, vão ser leiloados até o final de julho/2015 pela SETRANS - Secretaria
de Transportes do Estado do Rio de Janeiro.
Esses carros serviram por muitos anos aos passageiros dos trens de
subúrbio do Rio em momentos distintos operados por empresas distintas: Central
do Brasil, CBTU, Flumitrens e Supervia. Um dos motivos de leilão é que, além do
obsolescência do material rodante, os carros estão ocupando grandes espaços nos
depósitos da Supervia em São Diogo e Deodoro, que precisam ser liberados para
receber novos trens. Uma pena que após prestarem relevantes serviços tenham fim
tão medíocre: virar sucata.
Não pense o leitor que trata-se de saudosismo piégas, pois esses carros
poderiam ser reformados/adaptados para uso mais nobre, como por exemplo,
bibliotecas, salas de educação para cursos de informática, oficinas de
artesanato, escolinha de música, carpintaria, anfiteatro, café cultural, museu
ferroviário, ponto de informações turística e mais uma dezena de usos
- cadeia pública -, em face a enorme durabilidade, solidez e
resistência ao tempo das suas caixas de ferro e aço, permitindo que durem ainda
mais de meio século, mesmo se expostas ao tempo.
Segundo o Governo do Estado, os recursos arrecadados deverão ser
reaplicados em melhorias no sistema de trilhos do Estado, o que será muito
pouco vis a vis às demandas de investimentos bilionários que o modal ferroviário
requer. O que será arrecadado nos leilões será muito pouco, pois
cada carro pesa entre 15 e 20 toneladas e será vendido a preço
de sucata de ferro (R$ 0,70/kg).
Em suma, o que Estado deve arrecadar com a venda dos 97 carros deve ser
inferior a um milhão de reais, quantia essa de pouca valia ao atual sistema
ferroviário da RMRJ-Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Trata-se, portanto,
de uma gota d'água no oceano.
Seria muito importante que a SETRANS reservasse alguns desses
carros para uso mais nobre, conforme antes exemplificado nas fotos
abaixo.
Após reforma, seriam utilizados como Centro de Informações Turísticas
e/ou Centro Cultural para preservação da memória ferroviária em cidades do
Estado do Rio.
Fica aqui a nossa sugestão na esperança de a ideia seja acolhida. Mas é
preciso correr, pois o leilão deverá acontecer daqui há algumas semanas.
Antonio Pastori, 21/07/2015
(*) pesquisador ferroviário e Vice-Presidente da AFPF-Associação
Fluminense de Preservação Ferroviária Mestre em Economia e pós graduando em
Eng. Ferroviária.
É UM DESPERDÍCIO SEM IGUAL JOGAR FORA TANTA ALGO QUE AINDA PODE MUITO BEM SER USADO EM BENEFICIO DAS COMUNIDADES. NO MÍNIMO FALTA DE INTELIGENCIA E DE VISÃO, IGNORÂNCIA SOCIO-ECONOMICA E TAMBÉM PÉSSIMA ATUAÇÃO POLÍTICA.
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