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Title: Nordestinos fazem o caminho de volta para casa
Author: CFVV
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imagem meramente ilustrativa! 16/02/2011 - Globo.com O dia começa com movimento digno de uma rodoviária...
imagem meramente ilustrativa!

16/02/2011 - Globo.com

O dia começa com movimento digno de uma rodoviária. Na cidade onde nem transporte coletivo existe, os ônibus amanhecem na estrada. São operários a caminho do trabalho. A jornada será longa nos canteiros de obras.

O Padre Roberto Luciano do Amaral, da Paróquia de Custódia (PE), já chegou à matriz de São José. A igreja do padroeiro abre cedo. Os fiéis entram a qualquer hora para agradecer.

É tempo de prosperidade na região. Pelo local, passam duas grandes obras. A transposição do Rio São Francisco, que vai levar água para 390 cidades do Nordeste, e a ferrovia Transnordestina, que ligará o sertão ao litoral. Esses projetos já criaram quase 20 mil empregos na região.

No salão da manicure Adriana Diniz, chega a primeira cliente do dia. A agenda está sempre cheia e ela, sempre feliz. Depois de dez anos dividida entre São Paulo e o sertão, ela jamais reclamaria do excesso de trabalho.

Pela cidade, passava o caminho para o futuro. Sem qualquer alternativa, o jeito era tomar um ônibus e só descer em São Paulo. Hoje, o sertanejo faz o inverso. Ele está de volta para casa. Desembarca na cidade onde nasceu para aproveitar as oportunidades que se multiplicam na região. Hoje o sertão oferece emprego e a possibilidade de ficar perto da família.

Adriana penou para conquistar o direito de viver com o marido e as filhas na terra onde todos nasceram. Quantas viagens e quantas lágrimas entre São Paulo e Custódia, corações partidos, banco de ônibus e muito sofrimento.

Esse é o caso de André, marido de Adriana. Ele já não aguentava mais se dividir entre a família e trabalho. “A gente trabalhava lá, arrumava algum dinheiro e chegava aqui. Com o custo de vida, a gente tinha que voltar de novo”, lembra o operador de empilhadeira André Diniz, marido da manicure.

Hoje, Adriana só pensa na nova clientela. “Comecei a distribuir cartões, mandei fazer anúncio. ‘Quer ficar bonita? Procure Adriana, manicure que trabalha com tudo para o seu bem estar, para a sua saúde’. E o menino começou a me anunciar, e a clientela foi chegando”, lembra.

A voz do radialista Cléber Santos é o som que se ouve nas manhãs desse pedaço de sertão. E ela só traz boas notícias. “O comercio em si está aquecido e os hotéis estão completamente lotados. Não há vagas para hospedagem”, anuncia Cléber no rádio.

Custódia foi deixada pra trás por muita gente. O coração do ator Humberto Guerra sempre bateu como o de um artista. Faltava o que fazer em um lugar tão pequeno. A cidade onde nasceu, com 34 mil habitantes, não tinha espaço para a cultura. Quando percebeu que Custódia mudou, ele tomou coragem e voltou para trabalhar. “A comunidade é outra. O pessoal é de fora e tem o pessoal da firma que precisava ir para outra cidade para assistir a uma peça e agora não vai ter mais essa dificuldade. Vão poder assistir aqui”, afirma.

As pessoas que vêm de longe agora movimentam a Igreja de São José. O número de fiéis só aumenta. Os novos moradores se juntaram aos antigos devotos. O próprio padre, que passou 30 anos fora, quando voltou, encontrou uma Custódia transformada. “Nós temos uma cidade invadida não por idiomas, mas por sotaques diferentes”, Padre Roberto Luciano do Amaral, da Paróquia de Custódia.

Esses sotaques se encontram na missa. A paróquia cresceu. Os dízimos e as ofertas também. É também em torno da matriz de São José que a cidade revela outros sinais de prosperidade. Tem mais gente nas ruas, mais consumidores. Os comerciantes descobriram o valor da propaganda. E o radialista Cléber, um novo mercado a explorar.

A festa desta vez é para Dona Mana. A mensagem foi uma encomenda do filho mais velho, Erivaldo, que tenta a vida no Rio de Janeiro. Dona Mana se derrete, e Cléber sente o gostinho do dever cumprido: “Eu presto o serviço na área de emocionar as pessoas, de fazer surpresa, de aniversário, casamento”, afirma.

Quantas mudanças. O município está no meio de uma transição. É um pouco passado, com as casinhas isoladas, a água escassa. Mas, agora, o futuro chegou. A manicure Adriana revela que conseguiu dobrar o faturamento, juntando o salário dela com o do marido que agora está empregado. “Já paguei curso de informática para a minha filha mais velha até pretendo uma faculdade para ela que é o sonho da vida dela.”

A família também ganhou conforto e um carro, com nome de gente: Margarida. É um carro usado, fabricado em 1988, mas perfeito para passear. Agora, Adriana, o marido e as filhas já conseguem reservar um dinheirinho para se divertir.

Como quase tudo em Custódia, o salão da manicure está em obras. Ampliar é preciso, sorte do pedreiro José Vieira da Silva, pai de Adriana. A filha virou cliente. “Tem que dar essa força a ela. Eu estou lá em cima trabalhando e, se Deus quiser, nós vamos chegar lá”, afirma.

Construção é o que não falta. O radialista Cléber, por exemplo, está em um novo endereço. “Posso lhe garantir que mudou da água para o vinho. Hoje, graças a esse progresso, mais trabalho. Hoje, graças a Deus, eu moro em uma casa mais ampla e mais confortável”, declara.

O pai do Padre Luciano, o comerciante Manoel Tenório Amaral, não tem do que reclamar. A sua loja de material de construção, no centro da cidade, já tem filial. “As vendas cresceram a gente passou a vender mais. Vendeu mais, ganha mais”, aponta.

“Antes, a gente vendia uma carrada de cimento, 260 sacos por semana. Hoje, você consegue vender três carradas tranquilamente em uma semana só”, revela o padre Roberto Luciano do Amaral, da Paróquia de Custódia.

“Tem emprego na cidade. A cidade está maravilhosa de trabalho, muito trabalho”, comenta a manicure Adriana Diniz.

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Anônimo disse... 16 de fevereiro de 2011 às 23:56

VAMOS VOLTAR TODOS, QUERO VER OS SULISTAS PEGAREM NO CABO DA ENXADA.

 
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