23/02/2012 - Valor Econômico
Arte: Valor Econômico |
Fornecedores de equipamentos e tecnologia para mobilidade
urbana, como a canadense Bombardier e a francesa Alstom, têm
oportunidades que somam quase R$ 10 bilhões em contratos no Brasil nos
próximos anos. Calculada pela iniciativa privada, a soma é impulsionada
pelo financiamento do governo federal aos projetos no segmento devido às
necessidades oriundas da Copa do Mundo de 2014. Projetos de monotrilhos
e veículos leves sobre trilhos (VLTs), em geral mais baratos que trens
subterrâneos como os do metrô paulistano, já aumentam os investimentos
das companhias em território nacional.
O contrato firmado com o governo do Estado de São Paulo, após
licitação feita em 2010 para fornecimentos de carros de monotrilho, foi
um marco para a Bombardier no Brasil. Até então, a empresa tinha uma
unidade em Hortolândia, mas não de fabricação de trens - apenas reforma.
O maior negócio da canadense até o contrato dos monotrilhos era a
modernização de 156 vagões para a Companhia do Metropolitano de São
Paulo (o Metrô), por R$ 238 milhões, fechada em 2009.
Com o novo contrato, a empresa fornecerá 54 trens - ou 378 vagões -
para o primeiro projeto de monotrilho de São Paulo, o Expresso
Tiradentes. Vagões, sinalização e sistemas elétricos custarão R$ 1,4
bilhão. Devido ao contrato, a empresa está investindo € 15 milhões
(cerca de R$ 35 milhões) para inaugurar, até abril, sua fábrica de
monotrilhos em Hortolândia, no interior de São Paulo. Segundo André
Guyvarch, presidente da Bombardier Transportation no Brasil, essa será a
primeira unidade da empresa fora do Canadá para fabricação desse
veículo.
Para se ter uma ideia da atratividade dos negócios desse segmento em
território nacional, o projeto que o governo de São Paulo está colocando
em prática para o monotrilho é o de maior extensão no mundo para esse
tipo de modal - geralmente usado apenas em curtas distâncias, como
ligações a aeroportos. De implantação mais barata que os trens
subterrâneos, o monotrilho circula usando pneus de borracha sobre o
concreto - em vez dos tradicionais materiais rodantes de ferrovia - e é
visto pelo governo do Estado, portanto, como uma solução para o gargalo
de transporte urbano na capital paulista.
Além dos já em implantação pelo governo de São Paulo, há pelo menos
quatro grandes projetos em desenvolvimento no Brasil para uso de
monotrilho. Um deles é o de Manaus (AM), que ligará a região Norte ao
Centro da cidade, passando pela rodoviária, área hoteleira e a Arena
Amazônia. Em andamento, o projeto corre o risco de não entrar em
operação até a Copa. Mesmo assim, o governo amazonense já indicou que
pretende fazer o projeto mesmo se ficar para depois do prazo. Segundo
autoridades do Estado, as festas do boi que são realizadas em outubro,
no sambódromo que fica ao lado da futura arena, chegam a receber 180 mil
pessoas em um único dia. Isso, somado às necessidades da população
local, mantém o interesse no projeto.
Além do monotrilho, estão em implantação diversos projetos de VLTs,
que circulam movidos a eletricidade e lembram os antigos bondes. Segundo
os fabricantes, a tecnologia tem menor capacidade e velocidade que os
trens de metrô, porém produz menos poluição e barulho. O mais caro em
desenvolvimento é o de Cuiabá (MT). O projeto está estimado em
aproximadamente R$ 1,26 bilhão (incluindo a construção) e tem março
deste ano como previsão de início das obras com conclusão em dezembro de
2013.
Também de olho nesses projetos, a francesa Alstom tem planos de
investir R$ 10 milhões nos próximos anos para a produção de VLTs no
Brasil. Em entrevista ao Valor há três meses, o então diretor-geral de
transportes da Alstom no país, Ramon Fondevilla, disse que o objetivo da
empresa era que a fabricação em território nacional atenda a demanda
oriunda de contratos de fornecimento para o poder público. Atualmente,
são estudados pelo menos cinco projetos do modal em grandes cidades no
Brasil pela Alstom.
Um dos principais alvos da empresa é o idealizado pelo governo do
Estado do Rio de Janeiro. O projeto do chamado Porto Maravilha, no Rio,
está sendo elaborado pela CCR (vencedora da concorrência pública de
estudos em novembro de 2010) e tem previsão para operar até a Olimpíada
de 2016.
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