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Title: Especialistas criticam demora para retirada de passageiros após pane no metrô RJ
Author: Anderson Nascimento
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Fonte: O Globo Centenas de pessoas ficaram presas por mais de uma hora nos trens RIO - Um dia após a tragédia em que 231 jovens morrer...
Fonte: O Globo Centenas de pessoas ficaram presas por mais de uma hora nos trens

RIO - Um dia após a tragédia em que 231 jovens morreram confinados numa boate no Rio Grande do Sul durante um incêndio, uma pane no metrô deixou na manhã desta segunda-feira centenas de passageiros presos nos trens por mais de uma hora na Zona Sul. Oito estações (Catete, Largo do Machado, Flamengo, Botafogo, Cardeal Arcoverde, Siqueira Campos, Cantagalo e General Osório) foram fechadas às 8h. Três composições ficaram paradas longe das plataformas. Passageiros de duas delas, depois de terem que esperar por tanto tempo para ser retirados, ainda precisaram caminhar pelos trilhos e corredores escuros até a estação do Flamengo. O terceiro trem conseguiu chegar até o Largo do Machado, e os usuários desceram na plataforma. As composições voltaram a circular em todo o trecho apenas duas horas depois, mas as linhas 1 e 2 seguiram com atrasos até por volta do meio-dia.
Metro
Segundo o professor da Coppe/UFRJ Hostilio Ratton Neto, especialista em engenharia de transportes, a segurança dos passageiros sempre deve ser a principal preocupação em situações como a desta segunda-feira.
 
— Não tem explicação para uma evacuação demorar tanto. É necessário agir sempre para garantir a segurança. Para-se tudo em nome da segurança, mas, sem comunicação, isso é impossível.
 
Para o engenheiro de transportes Fernando MacDowell, a explicação da concessionária para o problema não foi convincente. De acordo com ele, o sistema tem três subestações — em Botafogo, Frei Caneca e Colégio — que deveriam alimentar toda a rede.
 
— Todas essas subestações só deixariam de funcionar de uma só vez se houvesse blecaute geral no Rio. Com uma delas funcionando, a Metrô Rio poderia ter usado essa energia para fazer a composição circular até a plataforma, mesmo que em baixa velocidade. Outra solução seria o uso do equipamento Trackmobile (um tipo de veículo), que poderia puxar essas composições. Deixar as pessoas presas por uma hora e meia nesses trens é um crime — explicou.
 
Em nota, a Metrô Rio afirmou que “um problema eletromecânico em uma composição levou à desenergização dos trilhos”. Ainda segundo a concessionária, o esvaziamento das três composições paradas entre as estações só foi realizado quando não havia risco para a segurança dos passageiros, e os tempos de evacuação foram diferentes. A empresa disse também que ressarciu os passageiros. Na estação Botafogo, usuários contaram, no entanto, que apenas uma atendente entregava os tíquetes, o que levou muita gente a desistir, devido à lentidão.
 
Passageiros contaram que, enquanto esperavam socorro, as informações eram desencontradas, os trens ficaram sem ar-condicionado e muita gente passou mal. Segundo o técnico em informática João Luiz Aranha, que ficou preso entre as estações Cardeal Arcoverde e Botafogo, a situação piorou quando parte do sistema de som da composição falhou.
 
— Quando saímos da estação Cardeal Arcoverde, por volta das 8h, o trem parou. Durante 20 minutos, nos informaram que a viagem teria continuidade. Depois, disseram que não havia luz na estação. Nesse momento, faltou energia na composição. Ficamos sem ar-condicionado, só com a ventilação. Ainda demorou mais 50 minutos para acionarem o plano de evacuação — contou, acrescentando que os vagões estavam lotados.
 
Passageira: “Não conseguíamos respirar”
 
A administradora Sabrina Michelin Monaco, de 47 anos, contou que, só após o trem estar parado mais de uma hora, as portas foram abertas.
 
— Estamos presos aqui já faz uma hora e dez minutos. O ar já estava ficando pesado, quente, mas agora abriram as portas. Começaram a tirar as pessoas, mas está muito devagar. Ainda não sei quanto tempo vai demorar — contou Sabrina pelo celular.
 
Ainda de manhã, a concessionária Metrô Rio afirmou que os passageiros haviam sido rapidamente retirados e que, por volta das 8h50m, já não havia ninguém preso. Entretanto, passageiros contaram que, nesse horário, o esvaziamento do trem parado próximo a Botafogo nem havia começado.
 
— Demoraram uma hora e meia para tirar todos. Havia muita gente passando mal com o calor lá dentro. Não conseguíamos respirar. Quando começou a evacuação, era uma gritaria danada. Faltou informação, o maquinista precisou ir de vagão em vagão para explicar o que estava acontecendo — disse Carla Adriana Fonseca da Silva, funcionária de uma clínica.
 
Acompanhados por bombeiros, seguranças e técnicos do metrô, os usuários desembarcaram e seguiram a pé pelos trilhos até a estação Botafogo. Muitos dos que passavam mal, desidratados, foram atendidos e liberados. Uma mulher, muito nervosa, foi atendida pelos bombeiros numa ambulância e também liberada.
 
A falha no sistema deixou muita gente a pé na Zona Sul. Durante o fechamento das estações, os trens do metrô só circularam da Zona Norte até a Glória. Uma multidão lotou as calçadas do bairro para tentar transporte para outras áreas. Guardas municipais tiveram que organizar o embarque de passageiros nos ônibus, que seguiam lotados. O trânsito ficou congestionado, com reflexos até a Lapa.
 
A Agência Reguladora dos Serviços Públicos Concedidos de Transportes (Agetransp) informou que vai investigar a paralisação do metrô e cobrar explicações da concessionária. (Pedro Mansur e Waleska Borges)

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