Por Vicente Abate - presidente da ABIFER
Pare o que está fazendo e olhe ao redor: quais dos objetos próximos a você podem ter chegado aos seus pontos de venda por meio de trens ou caminhões? Ou será que foi a matéria prima das roupas que você veste ou do dispositivo por onde está lendo este texto que viajou pelos trilhos brasileiros?
Hoje, o transporte rodoviário é o predominante no território brasileiro e é o que recebe a maior parte dos investimentos em infraestrutura. Isso é o que constata, mais uma vez, o Mapa da Logística dos Transportes no Brasil de 2014 do IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Para efeito de comparação, no ano passado, as estradas receberam R$ 11, 92 bilhões em investimentos públicos e privados e, para as ferrovias, o valor foi de R$ 7,3 bilhões. Em 2009, segundo dados da Confederação Nacional de Transportes (CNT), 61% de toda a carga transportada no país passou pelas rodovias. O modal ferroviário foi responsável por apenas 21% do transporte de carga brasileira. Mas, o cenário está mudando para melhor no que diz respeito à expansão e à modernização da malha ferroviária e a GE está participando ativamente dessa mudança em parceria com outras empresas e associações como a ABIFER, Associação Brasileira da Indústria Ferroviária*. Da unidade da GE Transportation, em Contagem, Minas Gerais, saem soluções específicas para o setor ferroviário brasileiro, desenvolvidas por nossos engenheiros e técnicos industriais. A locomotiva Evolution ES43BBi é uma delas: produzida aqui para atender às necessidades do mercado nacional. Para entender os próximos passos e as projeções da indústria ferroviária nacional, conversamos com Vicente Abate, Presidente da ABIFER. Boa leitura! GE Reports Brasil - Qual o impacto da indústria ferroviária na competitividade da economia brasileira? Vicente Abate - A indústria ferroviária brasileira produz equipamentos e componentes com elevado grau tecnológico, comparando-se aos existentes na indústria mundial. Locomotivas de alta potência com corrente alternada, vagões de alta capacidade de carga, trens de passageiros com eficiência energética - todos equipados com componentes fabricados pela indústria nacional - aumentam a produtividade das concessionárias de transporte e de seus usuários e isso se reflete no crescimento da competitividade da economia brasileira. Além disso, os materiais fabricados pela indústria nacional que são utilizados para construir e revitalizar ferrovias brasileiras, como dormentes, grampos de fixação e aparelhos de mudança de via, também contribuem para este crescimento. GE Reports Brasil - Como as empresas, instituições e governo podem impulsionar o desenvolvimento da malha ferroviária no Brasil? Vicente Abate – Este desenvolvimento passa por um planejamento integrado, que permita a construção e a modernização da malha ferroviária – considerando o transporte de carga e de passageiros – de forma mais acelerada. A iniciativa privada, em parceria com o governo, poderia se encarregar da elaboração dos projetos das ferrovias, enquanto o governo se responsabilizaria pelas desapropriações necessárias e também pela obtenção das licenças ambientais. GE Reports Brasil - Hoje, quais são os principais desafios e gargalos do setor ferroviário brasileiro? Vicente Abate – Um dos principais desafios é fazer com que o processo de construção e modernização das ferrovias ganhe velocidade para que as melhorias sejam alcançadas mais rapidamente. Outro ponto importante é a obtenção de recursos por meio de financiamentos públicos, privados e de organismos multilaterais, que deveriam acontecer de forma mais efetiva e com valores mais significativos. Se nós tivéssemos um investimento de, no mínimo, 2% do PIB, por exemplo, seria um avanço para o setor ferroviário. Países como China, Rússia e Índia investem entre 5% e 10% de seus PIB’s em infraestrutura de transportes. GE Reports Brasil - Como a ABIFER contribui para que a indústria ferroviária se mantenha na pauta das discussões sobre infraestrutura no Brasil? Vicente Abate - A ABIFER tem como missão fomentar o crescimento da indústria ferroviária instalada no país, para atender à demanda crescente do setor, priorizando a produção de equipamentos no Brasil e gerando emprego e renda no país. Por isso, a entidade participa de fóruns no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) e em outros Ministérios, além de atuar em conjunto com secretarias estaduais vinculadas ao setor ferroviário. Queremos sensibilizar o governo para a necessidade de aumentar os recursos para os investimentos em infraestrutura de transporte ferroviário, de forma a equilibrar a matriz brasileira de transporte de carga e de passageiros, cujo potencial ainda não é totalmente aproveitado**. *A ABIFER reúne fabricantes de equipamentos, componentes e materiais ferroviários da indústria brasileira, com a missão de contribuir para o desenvolvimento deste meio transporte no Brasil, de acordo com as necessidades locais. ** O Ministério dos Transportes pretende equilibrar a matriz brasileira de transporte de cargas até 2019. O Plano Nacional de Logística e Transportes (PNLT), em sua revisão de 2011, prevê que a participação do transporte ferroviário passe, em 2019, de 30% para 40%, enquanto o rodoviário deve cair de 52% para 40%. |
Fonte: GE Reports Brasil/ABIFER |
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