Maria Teresa Costa | Agência Anhanguera
Uma locomotiva de 1958 movida a diesel será resgatada amanhã em uma empresa em Paulínia para ser restaurada e passará a integrar o acervo de locomotivas da Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (ABPF), entidade que opera o trem turístico entre Campinas e Jaguariúna. Com a chegada da máquina, a frota de locomotivas passa a contar com 23 equipamentos, incluindo os movidos a vapor (maria-fumaça),diesel mecânica e diesel elétrica. Emseis meses, segundo o diretor da ABPF, Hélio Gazetta Filho, a locomotiva começará a circular no trecho turístico. Equipamento é de 1958 e circulou no Estado até 1968 Essa máquina, fabricada nos EUA pela American Locomotive Company, é uma importante locomotiva diesel de primeira geração, que veio para substituir as antigas locomotivas a vapor na época. Ela é uma das duas remanescentes de dez máquinas a diesel adquiridas pela Companhia Paulista de Estrada de Ferro e que circularam nos ramais de bitola métrica até 1968 na região de São Carlos. Elas iam até Dourado, Novo Horizonte e também no ramal de Bebedouro a Olímpia. A partir de 1968, quando a Paulista fechou os trechos operados em bitola métrica, as locomotivas foram transferidas para a Companhia Mogiana de Estrada de Ferro e passaram a circular na região de Campinas. A outra locomotiva remanescente do período, recuperada, pertence a uma empresa e opera no porto do Guarujá. As outras oito do lote são sucatas, sem condições de recuperação, e estão no pátio de Campinas. A máquina é de número 3505 e foi, por muitos anos, locomotiva de manobra das oficinas de Campinas. Com o fechamento das oficinas, ela foi transferida para as oficinas de Sorocaba e nos últimos dois anos estava inoperante por problemas mecânicos e guardada nas oficinas da ALL em Mairinque. Cedida à ABPF pelo Departamento Nacional de Infraestrutura Terrestre (Dnit), ela foi transportada até Paulínia e ficou sob guarda da empresa ANX, de onde vai ser carregada em carreta especial esta semana e levada à estação Carlos Gomes. Originariamente a máquina era azul, cor da Paulista, e foi pintada de vermelho pela ALL, cor desta empresa. Nas oficinas da ABPF ela retornará ao azul original. Essa locomotiva vai ajudar as marias-fumaças a puxar os trens grandes e também nos períodos de seca ou de muita chuva. No período de chuva, a lenha fica úmida e demora a queimar para ferver a água que formará o vapor necessário para mover as marias-fumaças. Nos períodos de seca, a ideia é que ela faça a força necessária para puxar os trens, evitando a necessidade de queimar muita lenha e prevenir, assim, a formação de fagulhas que poderão provocar incêndio nas margens do trecho por onde circula o trem entre Campinas e Jaguariúna. ABPF tem, em Campinas, o maior acervo de marias-fumaças da América Latina (são 12 locomotivas a vapor restauradas e mais quatro a espera de recuperação e 60 carros e vagões) graças ao trabalho de garimpagem realizado pelos associados. São ex-ferroviários e apaixonados por trens que dedicam parte de seu tempo a recolher preciosidades históricas abandonadas em pátios desativados. Sem isso, um importante acervo histórico estaria distribuído pelo país correndo o risco de ser corroído pela ferrugem ou virar sucata. Emprocesso de inventariança, a Rede Ferroviária Federal S.A., proprietária de todo o material das ferrovias desativadas, está leiloando tudo o que não entrou no processo de privatização. As marias-fumaças estão sendo salvas graças ao convênio que a ABPF tem com a RFFSA. Por ele, a entidade tem a cessão, em comodato por 99 anos, desses equipamentos, desde que restaure e mantenha a “frota” conservada. A restauração tem produzido resultados importantes, como a de uma locomotiva a vapor que pertenceu à Companhia Paulista de Estrada de Ferro e que por mais de 40 anos ficou abandonada. Há também um bagageiro em madeira restaurado pelos voluntários, que pertenceu à Estrada de Ferro Noroeste do Brasil: era o carro-correio. Da mesma empresa, uma maria-fumaça também foi restaurada e circula nos finais de semana, levando turistas saudosos para uma viagem no tempo, no trecho de 24 quilômetros entre Campinas e Jaguariúna. Mais novo integrante do acervo, o carro americano foi fabricado em 1951 pela The Budd Company para a Estrada de Ferro Sorocabana. |
Fonte: Correio Popular de Campinas |
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