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Title: Trem parado é trem seguro
Author: CFVV
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O transporte urbano sobre trilhos é capaz de transportar 60 mil passageiros por hora e por sentido numa via. Nenhum modo rodoviário tem a me...

O transporte urbano sobre trilhos é capaz de transportar 60 mil passageiros por hora e por sentido numa via. Nenhum modo rodoviário tem a mesma capacidade.

A ferrovia é um sistema composto por subsistemas que interagem e devem funcionar harmonicamente para transportar pessoas adequadamente; tudo o que afeta um subsistema atingirá os demais. O sistema ferroviário tem alto nível de segurança. Uma das características de projeto que traz tal segurança é o conceito de falha segura, o que significa que os dispositivos são projetados de modo que parem em situação segura em caso de pane. Contrariamente à sensação de muitos usuários, trem parado significa trem em segurança.

Ilustrando essa questão, o episódio recente na linha vermelha do metrô de São Paulo, em que trens foram depredados devido à paralisação causada por um usuário entre as estações Pedro 2º e Sé, não deveria ser analisado de forma sensacionalista, porque não é obra do descaso. Ao contrário, é parte da solução! Um objeto preso à porta impede seu fechamento e o trem não anda de porta aberta. Para garantir a segurança daqueles que desceram da composição, visto que a tomada de energia está no nível da via, o trecho é desligado e o carrossel de trens é paralisado.

Procedimento perfeito. Para entender o atual momento do transporte ferroviário em São Paulo é preciso voltar à sua origem. Os trens urbanos de São Paulo resultaram da consolidação de malhas com diferentes origens históricas. Basta lembrar que as atuais linhas 7 e 10 da CPTM já foram a São Paulo Railway, fundada em 1867. Essa rede chegou ao presente com grande despadronização de equipamentos e carências agravadas pela falta de investimento nos últimos 20 anos do século 20: trechos críticos de via e rede aérea, sistema de alimentação com baixa confiabilidade, imobilização excessiva de frotas de trens.

Os investimentos, no entanto, voltaram nos últimos anos, em volume nunca antes disponível: vias e rede aérea são modernizadas, estações são reformadas e construídas, há instalação de tecnologia de ponta em sinalização. Para atuar numa via é preciso interromper o tráfego e transferir a circulação para a via ao lado. Contudo, a circulação nos dois sentidos na mesma via envolve tempos de espera para ultrapassagem e, portanto, atrasos. O lançamento de vigas de passarelas, a construção de plataformas de embarque provisórias ou definitivas, a mudança de posição de desvios, tudo isso afeta o tráfego, ainda que grande parte desses trabalhos seja feita à noite, em estreito intervalo de duas ou três horas.

Assim como o Metrô, a CPTM tem sofrido com ocorrências recentes mal compreendidas, por exemplo, nas regiões do Tatuapé, Jaraguá e Itapevi. Sofre pelo que oferece de bom: um sistema seguro, que nos últimos dez anos mais do que duplicou o número de passageiros atendidos e que executa ambicioso programa de modernização. Imaginar que é possível atender à demanda crescente e ainda investir maciçamente num sistema complexo sem alguma restrição à operação no presente é ilusão.

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