Há 129, da estação Central, partia a primeira composição da Estradade Ferro Recife a Caruaru. (Imagem: Retirada da página |
Há exatos 129 dava-se por inaugurado o primeiro trecho da Estrada de Ferro Central de Pernambuco, a primitiva Estrada de Ferro Recife –Caruaru. No dia 25 de Março de 1885, o trecho de 17 km entre as estações Central do Recife e Jaboatão era oficialmente aberto ao tráfego. Intermediando o referido trecho havia apenas a estação de Tejipió.
Entre 1885, ano de inauguração deste primeiro trecho, até 1963, quando os trilhos da Estrada de Ferro Central de Pernambuco, posterior Linha Centro, alcançaram Salgueiro, esta ferrovia foi prolongada pausadamente. Só em 1895 alcançou Caruaru, Arcoverde em 1912, Afogados da Ingazeira em 1949, Serra Talhada em 1957 e Salgueiro em 1963, esta última num momento em que a decadência de nosso sistema ferroviário já começava a despontar, tendo em vista a falta de interesse por parte de nossos governantes com poucos investimentos para os trilhos, por outro lado cada vez mais investindo nas rodovias.
Nos muitos anos de seu funcionamento, até quando teve seu tráfego oficialmente encerrado em 1996, a Linha Centro de Pernambuco representou uma importante ligação entre a capital pernambucana e a Zona da Mata, Agreste e Sertão pernambucanos tanto no transporte de passageiros (até o fim da década de 1980), quanto no de cargas (até 1996). Até mesmo depois do encerramento de seu tráfego oficial, a mesma serviu para abastecer algumas cidades que estavam a sofrer com as secas, conforme tratado em postagem do MFPE (link) – Os trens de água na memória de nossas ferrovias.
Ponte Phoenix, da EFCP, em Afogados. (Imagem: Mario Carvalho - Acervo Recife de Antigamente) |
Acesso a plataforma da estação Jaboatão, nos anos 1990, pouco tempo após seu fechamento. (Imagem: Acervo Emmanoel Lucas) |
Hoje, Pernambuco não tem mais essa ligação ferroviária. A Nova Transnordestina que está sendo construída, a passos de tartaruga, a fim de substituir a Linha Centro, tem uma proposta totalmente diferente e, ao contrário da antiga ferrovia, não passará pelos centros urbanos, uma proposta um tanto questionável, visto que a opção de se recuperar a ferrovia já existente, aproveitando-se seu traçado apenas com algumas correções, seria algo bem mais viável, pois além de manter a memória da velha ferrovia, poderia se pensar numa reativação do transporte de passageiros e das cargas que se encontram nos centros dos municípios cortados pela linha. Claro que isso é algo difícil se de pensar, num país que dispensa totalmente o modal ferroviário em detrimento do rodoviário.
O panorama da preservação da memória da antiga Linha Centro, ao longo dos seus 609 km não é bom. Roubo de trilhos em vários trechos, como entre Serra Talhada e Mirandiba, agora também entre Flores e Carnaíba, nas proximidades de Sertânia e de Belo Jardim, fora quaisquer outros pontos que ainda não tenham sido percebidos. Algo lamentável que começou justamente no descumprimento por parte da ex—concessionária da linha, a CFN, atual TLSA, na fiscalização e manutenção da linha. Algo lamentável também é a invasão do leito da via férrea por construções e por asfaltamento, além dos prédios de vilas ferroviárias e estações abandonados e arruinados ao longo da linha, como é o caso das estações ferroviárias de Jaboatão e Moreno, ambas na Região Metropolitana do Recife e Felipe Camarão e Henrique Dias, no Sertão.
Algo lamentável para a memória de nossas ferrovias, em especial da Linha Centro de Pernambuco, é o abandono de uma das estações restantes do primitivo trecho inaugurado em 1885. Falamos da estação Jaboatão, que há anos foi fechada e logo teve seu teto, portas e janelas roubados. O mais lamentável e inaceitável é que a localização da referida edificação é bem no Centro da cidade de Jaboatão, ao lado da estação Jaboatão do Metrô e da integração do SEI. Quando poderia ser mais um cartão postal da cidade, mais um local para manter viva não só a memória ferroviária, mas do próprio município jaboatonense que muito deve à velha estação e as oficinas ferroviárias que foram instaladas pela Great Western no início do século XX próximas da estação, que geraram muitos empregos e fomentaram muito a economia deste município. Ao menos boa parte das oficinas está sendo recuperada pelo SENAI, que está visando manter as características originais. No entanto, a velha estação, além de saqueada, encontra-se tomada pelo mato, o que não representa um motivo para se comemorar estes 129 anos de sua inauguração.
Nos anos 1990, após seu fechamento, a estação Jaboatão antes de começar a ser depredada. Pode notar-se em seu pátio alguns vagões, que ali ficaram durante anos. (Imagem: Acervo Emmanoel Lucas) |
Em 2002, a situação da estação Jaboatão já era preocupante. (Imagem: Rodrigo Cabredo) |
Estação Jaboatão hoje: Lamentável! Como a sociedade brasileira pode aceitar um descaso como este? (Imagem: Acervo Emmanoel Lucas) |
Felizmente, parte da memória da Linha Centro está sendo salva com algumas cidades preservando suas estações, tais como Salgueiro, Serra Talhada, Carnaíba, Sertânia, Mimoso (em Pesqueira), Pesqueira, Sanharó, Tacaimbó, São Caitano, Caruaru, Bezerros, Gravatá, Vitória de Santo Antão;em breve também teremos de volta o Museu do Trem do Recife na majestosa Estação Central que ainda encontra-se em seu ocioso processo de reabertura. Ao contrário da estação Jaboatão, essa encontra-se muito bem preservada; agora, depois de mais uma reforma, o belo e ornamentado prédio da estação Central, que há mais de um século embeleza o bairro de Santo Antônio, no Recife, está às vésperas de ser novamente mais um grande espaço pela memória da ferrovia em Pernambuco, em especial da lendária Estrada de Ferro Central de Pernambuco e sua história de 129 anos.
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