Estação ferroviária de Passos está se deteriorando. (Foto: Reprodução EPTV / Luciano Tolentino) |
Há 10 anos a antiga Estação Ferroviária de Passos (MG) guarda o arquivo histórico da cidade, mas precisa urgente de uma restauração. Com a deterioração do prédio, a história de uma comunidade inteira vai sumindo dia a dia. O Conselho do Patrimônio Cultural do município tenta há mais de dois anos a verba para a reforma, mas enquanto esse dinheiro não sai, o prédio e os documentos que contam passagens importantes dos mais de 100 anos de Passos sofrem com a ação do tempo.
A antiga Estação Ferroviária de Passos fazia parte da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro, que atravessava os Estados de Minas Gerais e São Paulo. A linha chegou à cidade em 1921 e foi desativada na década de 1970. Em meados de 1990, o complexo foi integrado ao departamento de cultura e tombado como patrimônio histórico.
Mesmo com todo seu valor, o local está sofrendo com a ação do tempo e pela falta de manutenção. De todo o complexo, apenas um espaço interno é aberto para os moradores. No local funciona o memorial da cidade, onde estão guardados documentos e objetos que contam os ‘passos’ da cidade. O espaço foi inaugurado em 1994 e desde então, nenhuma reforma ou manutenção foi feita no prédio.
O aposentado Welfare Joele Pinto usa o espaço para pesquisas e se diz indignado ao perceber as condições do prédio. Rachaduras, umidade nas paredes, fiações expostas, lâmpadas queimadas e com mau contato, computadores que não funcionam e o mais preocupante: todo o acervo está se deteriorando. “Tudo que você precisa saber de Passos precisa consultar aqui, mas não tem nada para preservar, fotos, documentos, tudo está sendo consumido por carunchos”, afirma.
A bibliotecária Elizângela Rodrigues Silva enumera em documentos a importância do arquivo para a cidade. “Aqui tem inventários de famílias antigas, muitos procuram títulos de eleitores aqui para aposentadoria, temos árvores genealógicas de famílias.”
A diretora do Conselho do Patrimônio Histórico de Passos, Adriana Rocha, esteve na estação e visitou o memorial. Ela afirma que um projeto de restauração de todo complexo foi elaborado em 2011, encaminhado ao Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha) e aprovado.
Desde então o conselho tenta recursos para colocar o projeto em prática. “Nós elaboramos o projeto há dois anos, inclusive com planilha de custos, que ia ficar R$ 2 milhões. Agora estamos na fase de captação de recursos, mas não conseguimos verba. Estamos pensando em fragmentar o projeto para conseguir arrecadar a verba”, explica.
Já o Departamento de Cultura de Passos disse que o projeto elaborado não foi aprovado pelo governo estadual por causa do valor. Ele será desmembrado e com isso, vai ser possível conseguir verbas para, primeiro, fechar o prédio da estação, e só depois tentar levantar um segundo repasse para a restauração do prédio.
O departamento informou ainda que a cidade recebe o repasse do ICMS cultural para investimento e manutenção dos patrimônios históricos no município, e esse valor é distribuído para manutenção dos prédios públicos tombados.
Enquanto isso, o historiador Antonio Teodoro, também conhecido como professor Grillo e um dos idealizadores do projeto lamenta o descaso com a memória do município. “O que está lá dentro é algo que se perder, a cidade nunca mais vai ter, é a memória de uma comunidade inteira. É um descaso com a história municipal.”
Fonte: G1 Sul de Minas
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