A Rio Tinto PLC e a BHP Billiton, na Austrália, e a Vale SA, no Brasil - as três maiores produtoras de minério de ferro no mundo -, estão elevando sua produção na expectativa de que a enorme eficiência de escala as leve à lucratividade, apesar dos preços serem hoje a metade do que eram há quatro anos. Essas empresas também estão apostando que os preços mais baixos vão forçar concorrentes com custos maiores a sair do mercado, dando a elas maior poder de formação de preço no longo prazo.
A Cliffs Natural Resources Inc. já contratou bancos para vender suas minas na Austrália devido à concorrência difícil. "As três grandes estão no controle e não há muito a fazer", diz o brasileiro Lourenço Gonçalves, diretor-presidente da empresa americana.
A situação está sendo observada de perto pelos fabricantes de aço da China, Coreia do Sul e Japão, os três maiores importadores mundiais de minério de ferro, o principal ingrediente para produção de aço. Se os principais agentes desse mercado, que são responsáveis por mais de 60% do comércio marítimo do mineral, fortalecerem seu controle do mercado, eles poderão exercer maior pressão nas negociações de preços.
Um porta-voz da Federação de Ferro e Aço do Japão, Takefumi Nagamine, diz que a entidade está preocupada com o oligopólio das produtoras de minério de ferro há vários anos. "A situação não mudou", diz.
A Cliffs Natural Resources Inc. já contratou bancos para vender suas minas na Austrália devido à concorrência difícil. "As três grandes estão no controle e não há muito a fazer", diz o brasileiro Lourenço Gonçalves, diretor-presidente da empresa americana.
A situação está sendo observada de perto pelos fabricantes de aço da China, Coreia do Sul e Japão, os três maiores importadores mundiais de minério de ferro, o principal ingrediente para produção de aço. Se os principais agentes desse mercado, que são responsáveis por mais de 60% do comércio marítimo do mineral, fortalecerem seu controle do mercado, eles poderão exercer maior pressão nas negociações de preços.
Um porta-voz da Federação de Ferro e Aço do Japão, Takefumi Nagamine, diz que a entidade está preocupada com o oligopólio das produtoras de minério de ferro há vários anos. "A situação não mudou", diz.
Durante o boom das commodities dos últimos dez anos, havia demanda suficiente no mundo para que as mineradoras produzissem o quanto fosse possível, sabendo que os projetos de infraestrutura nas economias em desenvolvimento absorveriam tudo. A produção de minério de ferro continuou crescendo ainda que expansão desses mercados tenha desacelerado, juntamente com a demanda por aço.
"A China não irá investir mais o que vinha investindo em infraestrutura", disse Mark Cutifani, diretor-presidente da Anglo American PLC, ao The Wall Street Journal. "Ainda há muitos prédios sem ninguém dentro."
A China importa 65% de todo minério de ferro comercializado entre países, então sua demanda direciona os preços. A Anglo, outra grande produtora de minério de ferro, também está elevando a produção em uma nova mina no Brasil, a Minas-Rio, em Minas Gerais, mas Cutifani prometeu segurar a oferta futura. As três grandes produtoras do minério precisam mostrar disciplina ou "pagarão o preço", disse.
Ivan Glasenberg, presidente do conselho da Glencore PLC, que, apesar de não ser uma grande produtora, comercializa minério de ferro, também prega cautela. Ele ressalta que 25% do minério de ferro mundial é de produção nova e a tendência deve continuar crescendo nos próximos quatro anos. "Estamos superabastecendo o mercado e é isso que está matando o superciclo", disse ele a analistas.
A produção global das cinco maiores mineradoras - Vale, BHP, Rio Tinto, Anglo American e Fortescue Metals Group Ltd. - deve crescer mais de 40% até 2017, para 1,5 bilhão de toneladas, mesmo com a expectativa de a demanda avançar só entre 10% a 15%, segundo Charles Bradford, que dirige uma empresa de pesquisa de metais. O resulta¬do "será um desastre", diz.
O presidente do conselho de administração da BHP, Andrew Mackenzie, disse recentemente ao WSJ que sabe que as mineradoras de alguns países sofrerão, mas estima que outras, incluindo as australianas, vão prosperar. "Haverá perdedores e ganhadores" entre os países, disse.
Com o preço do minério de ferro próximo do nível mínimo em cinco anos, abaixo de US$ 85 a tonelada, várias mineradoras pequenas e médias estão sob pressão. A Labrador Iron Mines Holdings Ltd., do Canadá, paralisou todas as operações há poucos meses devido aos preços baixos demais para cobrir os custos.
Mesmo com os preços abaixo da metade dos US$ 190 registrados em 2011, eles ainda estão cerca de cinco vezes mais altos que em 2004. Com o custo da exploração do minério de ferro em torno de US$ 50 por tonelada e atingindo até US$ 30 nas mineradoras mais eficientes, as margens de lucro podem ser expressivas. O minério de ferro responde por mais de 50% dos lucros da BHP e cerca de 90% dos lucros da Rio Tinto e da Vale.
Paul Gait, analista da Sanford C. Bernstein, prevê que os preços subirão para US$ 105 por tonelada, uma das maiores estimativas do setor, que começam em US$ 80 por tonelada para o curto prazo. Segundo Gai, Rio Tinto, BHP e outros grandes fornecedores terão tanta capacidade que irão ditar os preços. "O minério de ferro será uma boa aposta por um longo tempo", diz.
Isso explica porque as mineradoras continuam a expandir sua capacidade. No Brasil, a Anglo American começará, no fim do ano, a exportar minério de ferro da Minas-Rio, depois de anos de estouros de orçamento que atingiram US$ 6 bilhões. A ArcelorMittal, a maior fabricante de aço do mundo, está ampliando os investimentos em exploração de minério de ferro no oeste da África e norte do Canadá. A Vale aumentou sua produção em 13%, para 79,4 milhões de toneladas no segundo trimestre.
No centro desse novo boom de minério de ferro está a Austrália. A BHP e a Rio Tinto garantiram enormes depósitos no país e investiram pesado em frotas de caminhões que não precisam de motoristas, técnicas eficientes de explosão e extensos sistemas ferroviários para levar o minério para o porto e de lá para a China.
A BHP gastou US$ 24 bilhões nos últimos dez anos para construir sua rede de minas, Ferrovias e terminais portuários em Pilbara, na Austrália, onde ela controla mais de 20 bilhões de toneladas de minério de ferro, equivalente a um século de exploração. Ela registrou um recorde na produção de minério de ferro até junho em suas minas da Austrália Ocidental, 225 milhões de toneladas, 20% maior que no mesmo período de 2013. A BHP afirmou que o aumento da oferta e a desaceleração da China já foram incluídos nos seus planos. A BHP espera fechar as minas que dão prejuízo em outros lugares.
A Rio Tinto tem o menor custo de produção mundial, menos de US$ 50 a tonelada. Ela também está ampliando sua presença em Pilbara. Hoje, sua infraestrutura ali é para 290 milhões de toneladas e deve chegar a 360 milhões em meados do próximo ano.
Fonte: Valor Econômico - The Wall Street Journal - Valor Econômico
Publicada em:: 08/09/2014
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