23/01/2012 - O Globo       
 Se as exportações de commodities brasileiras brilharam e  turbinaram as contas externas do país desde 2000, a infraestrutura  logística está longe de ter acompanhado o mesmo ritmo. Manteve-se cara e  ineficiente. Nesse período, o país aumentou em 384% a quantidade de  toneladas que circulam e congestionam as rodovias, ferrovias e hidrovias  em direção ao exterior. Mas o número de rodovias asfaltadas aumentou  apenas 18% no período, enquanto as linhas de trem cresceram só 500  quilômetros. O país vem operando no limite da gambiarra, segundo o  diretor da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Bernardo  Figueiredo:
Se as exportações de commodities brasileiras brilharam e  turbinaram as contas externas do país desde 2000, a infraestrutura  logística está longe de ter acompanhado o mesmo ritmo. Manteve-se cara e  ineficiente. Nesse período, o país aumentou em 384% a quantidade de  toneladas que circulam e congestionam as rodovias, ferrovias e hidrovias  em direção ao exterior. Mas o número de rodovias asfaltadas aumentou  apenas 18% no período, enquanto as linhas de trem cresceram só 500  quilômetros. O país vem operando no limite da gambiarra, segundo o  diretor da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Bernardo  Figueiredo: — O país está diante da possibilidade de um apagão logístico. Mas a  logística não pode ser vista só pela lógica da obra e sim pelo  desempenho do transporte. Não se resolve o problema logístico  transigindo com a boa forma de fazer. Chegamos ao limite da gambiarra —  disse ele ao GLOBO. 
Dados inéditos obtidos pelo GLOBO mostram que os fretes cobrados  pelas concessionárias de trens estão R$ 600 milhões acima do teto que a  Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) considera razoável,  segundo a proposta a revisão tarifária que está em consulta pública  atualmente. Além disso, gargalos e a falta de sintonia dos vários modais  prejudicam o escoamento da produção.
— Nos últimos anos, a ociosidade de caminhões e trens absorveu o  aumento da produção, mas já não há gordura a ser queimada. O Programa de  Aceleração do Crescimento (PAC) é a $de mudar esse quadro, junto com a  nova legislação.
Hoje, um trem leva 88,41 horas do Alto Araguaia até Santos. Mas cada  vagão leva em média 28,9 horas no porto para descarregar. Sem o  ferroanel em São Paulo, os trens precisam trafegar de 30 a 40km/h para  5km/h. Levam um dia para atravessar a capital paulista, em vez de  contorná-la.
Ferrovias estão concentradas em poucas empresas
A falta de concorrência no transporte ferroviário é o principal  problema do setor, segundo técnicos do governo. O fato de as malhas de  trem disponíveis no país estarem concentradas nas mãos de poucas  empresas contribui para aumentar a burocracia e deixar os custos  elevados para exportadores. Um exemplo do efeito nefasto da concentração  é que as concessionárias fazem de tudo para evitar que concorrentes  utilizem seus trilhos. Em Santos, a MRS detém o acesso até o porto, mas a  ALL é responsável pela linha lá dentro.
As normas agora garantem o direito de passagem pelas diversas linhas  do país. Donos de outros trechos — ou usuários que tenham trens, mas não  linhas — poderão utilizar a malha como um todo. Além disso, criou-se um  código de defesa dos usuários. Isso deve acirrar a concorrência e  baixar os fretes.
Além disso, a partir de março as ferrovias serão obrigadas a reduzir  de 10% a 69% os valores fretes que cobram pelo transporte de cargas,  como determina a revisão tarifária proposta pelo governo. A Vale — dona  das malhas Vitória-Minas Gerais, Centro Atlântica, Carajás e sócia da  concessionária MRS — por exemplo, terá que reduzir em 69% sua tarifa em  Carajás.
Para o presidente da Associação dos Usuários de Trens de Carga  (ANUT), José Baldez, as concessionárias se apropriaram dos ganhos de  produtividade do país nos últimos 15 anos, ao pressionar o Custo-Brasil.
Não há trens suficientes até os terminais do porto de Santos, diz o  presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José  Augusto de Castro.
— Em Paranaguá, as empresas têm que usar caminhões, porque o porto  não teria como dar vazão a quantidades maiores trazidas de trem. Em  Santos, há poucos trens e muitos só podem trafegar à noite — disse.
Levantamento da Associação Brasileira da Indústrias de Óleos Vegetais  (Abiove) indica que a soja brasileira, embora seja vendida segundo as  cotações internacionais, perde da fazenda até o porto. Isso porque o  custo do frete sai a US$ 60 por tonelada na média do país e US$ 112 só  para o Mato Grosso. Nos Estados Unidos, o custo é de US$ 15 por tonelada  da fazenda ao porto, e na Argentina, US$ 17.
A ideia do governo com a revisão tarifária para os trens é evitar a  ameaça de explosão dos preços dos caminhões. A redução dos fretes deve  ampliar os ganhos dos produtores de commodities e estimular o  crescimento dos embarques de manufaturados, que poderão se tornar bem  mais competitivos.
Setor afirma que problemas são anteriores à concessão
Para a Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF),  os gargalos vêm de antes das concessões. Um que há mais de 12 anos  precisa ser resolvido pelo Estado é a necessidade de encerramento da  Rede Ferroviária Federal (RFFSA). O governo ainda não deu solução  definitiva para o espólio da rede. A ANTF também afirma que, hoje, para  atender à demanda existente, seriam necessários 52 mil quilômetros de  ferrovias.
— Com as obras de expansão previstas no PAC2, as ferrovias devem ser  ampliadas em mais 12 mil quilômetros até 2040. O que não se pode  esquecer, no entanto, é que o tempo médio de construção de uma ferrovia é  de cinco anos — disse o presidente Executivo da ANTF, Rodrigo Vilaça,  que conclui: — A nossa preocupação é com a manutenção do equilíbrio dos  contratos originais e mecanismos que garantam a capacidade de  investimento das ferrovias.
Segundo Vilaça qualquer aumento de custo ou investimento, diante de  margens tão apertadas, tende a ser um ônus adicional para o frete, que  pode ou não ser repassado pela concessionária. As empresas citadas não  se pronunciaram.
SÓ ESPERAMOS QUE NÃO HAJA UM BLOQUEIO ÀS LINHAS DE PASSAGEIROS, LIDERADA PELO LOBI DAS EMPRESAS DE TRANSPORTE FERROVIÁRIO. PROQUE ELAS NO LUGAR DE ISISTIR NO ERRO, NÃO INVESTEM EM FERROVIAS?  TALVEZ SEJA ESSE O UPGRADE QUE O BRASIL CARECE!
 
 
 
 
 
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No que depender do PAC (Plano de Aceleração do Crescimento ou será da Corrupção) voltaremos em breve aos "corredores de bois e burros" fazendo o transporte de cargas pelas veredas brasileiras. Quanto a ANTT, ANTF, DNIT, ANUT, ou seja lá a sigla que for, é patético ler um artigo que cita estas e outras, são tantas que só um mago poderia decifrar quem manda em quem, quem trabalha pra quem, quem faz o que pra quem? Estudando o modelo americano intermodal e a história das ferrovias naquele país parece tão óbvio, por que será?
Não entendí esses comentários da ANTT.Afinal, qual o papel e responsabilidade desse órgão?Parece um artigo de protesto de uma ONG ou de um sindicato dos ferroviários.Se existem êrros,porque o a ANTT não corrige?Não existe para isso?Se não está conseguindo atuar,deveria ser extinto.Êsse órgão é uma pouca vergonha de ineficiência.Sabe das coisas erradas e não faz nada.E agora vem com essas declarações como se fosse uma ONG de protestos.
Muito menos eu entendi esta de gambiarra... Afinal nao havia fiscalização!
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