Trilhos entre Belo Horizonte, Sete Lagoas, Ouro Preto e Brumadinho |
Jornal O Estado de S.Paulo Opinião
21 de novembro de 2012 | 2h 06
Os gargalos rodoviários do Brasil e o caótico trânsito
das suas metrópoles forçam os governos estaduais e federal a retomar os
planos de implantação dos trens regionais. Durante as últimas quatro
décadas, a malha ferroviária foi esquecida e sucateada, tanto que hoje,
em todo o País, apenas duas linhas de passageiros estão em
funcionamento. Transportam 1,5 milhão de pessoas entre Belo Horizonte
(MG) e Vitória (ES) e entre São Luís (MA) e Carajás (PA) - as duas
operadas pela mineradora Vale. Nos anos 60, mais de 100 milhões de
passageiros utilizavam trens interurbanos no território nacional. Diante
das más condições de vários trechos das malhas rodoviárias e viárias
das regiões mais desenvolvidas do País, alguns governos voltaram a
estudar a construção de 21 ramais ferroviários para passageiros, o que
representaria a oferta de 3.334 quilômetros de trilhos em 14 Estados até
2020.
O transporte ferroviário é comprovadamente o mais barato, mais
rápido, menos poluente e mais seguro de todos os modais. Trens circulam a
velocidades médias entre 100 e 150 quilômetros por hora e representam o
item mais importante no pacote de soluções para o problema da
mobilidade urbana no Brasil. A ligação Brasília-Goiânia por meio de um
novo ramal ferroviário é um dos projetos mais adiantados - deverá ser
entregue em 2017 - e exigirá investimentos de R$ 800 milhões. Outros 500
quilômetros de trilhos entre Belo Horizonte, Sete Lagoas, Ouro Preto e Brumadinho são objeto de interesse de 18 empresas, dispostas a preparar
os estudos de viabilidade de uma Parceria Público-Privada (PPP), com
expectativa de início das obras em 2014.
No Estado de São Paulo, que reúne algumas das maiores concentrações
urbanas do Brasil, o governo estadual estuda três ramais, ligando a
capital a Jundiaí, Santos e Sorocaba. Há ainda o controvertido plano do
Trem de Alta Velocidade, previsto pela União para ser entregue em 2020.
Recentemente, o governo do Estado lançou o edital de licitação dos
projetos básico e executivo para implantação do trem expresso que ligará
a capital a Jundiaí. É uma concorrência internacional, de R$ 153
milhões, e o consórcio vencedor terá 24 meses para entregar os estudos
do ramal de 47 quilômetros, que permitirá o transporte de 20 mil
passageiros por dia, num trajeto de 25 minutos, sem parada. A abertura
dos envelopes deverá ocorrer em novembro.
O novo ramal deve ser implantado e operado por uma concessionária
privada por meio de PPP. O custo das obras deverá atingir R$ 3,2
bilhões. O governo de São Paulo prevê que o ramal entre em operação até
2017.
Jundiaí é o núcleo da primeira Aglomeração Urbana criada no Estado de
São Paulo há pouco mais de um ano, reunindo sete municípios. Faz parte
do grupo de cidades com melhor situação de riqueza e de bons indicadores
sociais do País: é o quarto no Índice de Desenvolvimento Humano
Municipal entre as cidades paulistas e o 14.º, se considerados todos os
municípios brasileiros. Localiza-se no entroncamento rodoviário entre a
capital e Campinas e de lá partem, diariamente, milhares de pessoas que
estudam ou trabalham na capital.
Considerando o processo de conurbação em que se incluíram as três
regiões metropolitanas paulistas - São Paulo, Campinas e Baixada
Santista -, torna-se urgente o planejamento capaz de assegurar a
mobilidade de 2 milhões de pessoas entre as cidades e o movimento de ida
e vinda diário de mais de 1 milhão de trabalhadores e estudantes, entre
os municípios da região metropolitana de São Paulo. Desse total, mais
de 670 mil se deslocam para o centro expandido da capital.
Assim, é bem-vindo o anúncio do governo paulista de investimento na
Linha 7 (Luz-Jundiaí) da CPTM, que hoje transporta 420 mil usuários por
dia útil. Serão R$ 705 milhões para a modernização de oito estações e
outras quatro terão os editais para licitação publicados até o início do
próximo ano.
Espera-se que não tardem anúncios de outros tantos projetos semelhantes.
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