Mogiana em Ribeirão Preto, no iníciodo século passado.
Depois de 45 anos, Amparo pode voltar a contar com o transporte ferroviário. A construção de um ramal ferroviário entre Amparo, Pedreira, Jaguariúna e Campinas deverá começar em junho e até 2015 terá início o transporte de cargas e passageiros por trens, reativando um trecho ferroviário de 30 quilômetros da extinta Companhia Mogiana de Estradas de Ferro. O último trem desta empresa passou por Amparo no dia 2 de janeiro de 1967. O dinheiro para a realização da obra já está garantido. Os prefeitos conseguiram aprovar duas emendas ao Plano Plurianual 2012-2015 do governo Federal, uma no valor de R$ 20 milhões e outra de R$ 135 milhões. O recurso será utilizado na elaboração do projeto e execução da obra. Segundo o presidente do Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Campinas (RMC), o prefeito de Pedreira, Hamilton Bernardes (PSB), o novo ramal será uma alternativa ao transporte de cargas e passageiros e aumentará a competitividade da indústria regional. Segundo Hamilton, assim que terminar o recesso parlamentar em fevereiro, ele deve viajar para Brasília para realizar um trabalho com a frente Parlamentar Mista das Ferrovias, formada por 14 deputados paulista, promovendo uma gestão para o recurso ser liberado rapidamente. A região conseguiu verba por meio do deputado de Santa Catarina Pedro Uczai (PT), presidente da frente parlamentar. Técnicos do Ministério dos Transportes, disse o secretário da Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico de Pedreira, Jair Cassiani, calculam que o projeto leve de um a quatro anos, aproveitando trechos já existentes. A obra deve ter início em junho, informou o secretário.
Empresas de Amparo
As empresas de Amparo estão dispostas a participar com aporte de recursos da implantação da ferrovia e já chegaram a fazer um estudo de alternativas de trajeto e levantamento de volume de tráfego na SP-95. A chegada do novo centro de distribuição da Química Amparo, fabricante dos produtos Ypê e os planos de expansão da empresa que deverá dobrar a produção nos próximos dois anos, foram decisivos para o setor industrial de Amparo buscar alternativas de transporte. A Química estima que a quantidade de carga que poderá receber pelo ramal ferroviário atingirá mais de mil lotes de 25 toneladas por mês em 2012, sendo 80% com origem no Porto de Santos e o restante vindo de Camaçari, na Bahia. Contando as demais empresas, como a Seara (antiga Pena Branca), Agropecuária Tuiuti (Shefa), a Fernandez (fábrica de papelão), Gelatina Rebière e outras, a estiamtiva é que a quantidade de caminhões na SP-95 irá passar dos 44,7 mil anuais em 2009 para 66,5 mil em 2013, ou seja, sairá dos atuais 122 por dia para 184 carretas, sem contar os caminhões que chegam a Jaguariúna e Pedreira e que se dirigem para as cidades do Circuito das Águas.
Em dezembro último, o governador de São Paulo, Gerando Alckmin (PSDB) anunciou a duplicação da SP-95 que deverá custar R$ 116 milhões. A obra deverá reduzir os congestionamentos na SP-95. Porém, segundo o prefeito de Amparo, Paulo Miotta (PT), a duplicação será importante, porém insuficiente para atender as necessidades, uma vez que a região do Circuito das Águas vem crescendo e precisa de alternativas para o transporte de cargas e passageiros.
Ramal de Amparo acabou em 1967
Na segunda-feira, dia 2 de janeiro, aconteceu o 45º aniversário da passagem do último trem do Ramal da Cia. Mogiana e que ligava as cidades de Jaguariúna-Amparo. O ramal foi inaugurado em 15 de novembro de 1875 e foi o primeiro dos ramais construído pela Mogiana, ligando Jaguary (Jaguariúna) a Amparo e tinha 29,8 quilômetros de extensão. Em 1890, a Companhia prolongou o ramal até Monte Alegre do Sul. Quando, em 1945, a Mogiana alterou o traçado da linha em Jaguariúna, o ramal continuou partindo da estação nova, em local diferente da original. Em 1965, o tráfego de trens foi suprimido entre Amparo e Monte Alegre do Sul, e, em 1967, o que sobrou do ramal também foi extinto. Os trilhos foram retirados não muito tempo depois. Ao contrário de outras linhas, neste ramal, todos os edifícios das estações sobrevivem até hoje. No caso de Amparo, o antigo prédio abriga alguns órgãos públicos. Outros prédios, como a casa do chefe da Estação, tornou-se a Casa da Cultura; no antigo pátio de manobras das locomotivas localiza-se, hoje, a Praça Pádua Salles. O último trem passou pela Estação de Amparo no dia 2 de janeiro de 1967.
A Companhia Mogiana (CM) de Estradas de Ferro, fundada em 18 de março de 1872, teve quase 2.000 quilômetros de linhas, serviu aos estados de São Paulo e Minas Gerais até 1971, quando foi incorporada à Fepasa - Ferrovia Paulista S.A. O primeiro trecho da Mogiana foi inaugurado em 3 de maio de 1875, ligando Campinas a Jaguariúna, na época Jaguary. Em 27 de agosto do mesmo ano, a linha chegava a Mogi-Mirim e em 15 de novembro era inaugurado o ramal entre Jaguariúna e Amparo. O último trecho foi inaugurado em 1921, quando os trilhos da CM chegaram a Passos (MG). Inicialmente, denominada Companhia Mogyana de Estradas de Ferro e Navegação, teve seus primeiros 50 anos marcados pela expansão de suas linhas ou tentativas de fusão com a Companhia Paulista. Em 1936, cria a Companhia Mogiana de Transportes, mais tarde Rodoviário da Cia. Mogiana. A segunda metade de sua vida foi marcada pela crise financeira que culmina com a sua encampação pelo Governo do Estado de São Paulo, em 1952. Na década de 70, a empresa foi encampada pela Fepasa S.A.
Fonte:
A TRIBUNA
Um Jornal Independente
Amparo, SP - Edição nº1086-06/01/2012
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