A primeira ferrovia do Brasil pode estar perto de desaparecer completamente do mapa, esquecida no meio do mato e encoberta por toneladas de asfalto.
Na estrada, a placa informa a existência de um marco na história do país. Alguns metros adiante, ainda é possível ver a linha de trilhos, engolida pelo matagal.
A ferrovia foi construída em 1854. Quando fez 100 anos, em 1954, foi
tombada pelo patrimônio histórico. De lá para cá são quase 60 anos do
mais completo abandono. A primeira ferrovia do Brasil foi atropelada
pela modernidade. Soterrada pelo asfalto.
Em um trecho, a linha do trem desaparece debaixo da rodovia. A
ferrovia é obra de Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá. O
traçado original, com 14,5 quilômetros, ligava Inhomirim, base da Região
Serrana do Rio, à Baía de Guanabara.
A linha foi criada para levar o café produzido no Vale do Paraíba ao
cais de Magé e, de lá, de barco ao porto do Rio de Janeiro.
“É uma estrada importante porque chegaria mais rápido, escoaria
produtos, subindo e descendo com esses produtos de Minas Gerais em
direção ao Rio de Janeiro”, avalia o historiador Carlos Gabriel
Guimarães.
Do cais, restam os pilares, quase todos destruídos. A primeira estação
ainda está de pé. Em frente a ela, uma réplica da primeira locomotiva.
Tudo isso pertencia a Rede Ferroviária Federal até 1998, quando foi
entregue à prefeitura de Magé e ao Instituto do Patrimônio Histórico. A
área em torno foi alugada a uma empresa de tubulação e ocupada por
moradias irregulares. A estação virou um depósito.
“Até o fim de maio a gente vai estar com segurança armada para ocupar
os terrenos com cerca e com a contratação de um escritório de
arquitetura, para estabelecer o perímetro de tombamento”, afirma
Cristina Lodi, superintendente do Iphan.
Há 30 anos, a Associação de Preservação Ferroviária tenta convencer as
autoridades a reativar o caminho de ferro. “O que nós queremos mais
tarde é tentar enquadrar este projeto na Lei Rouanet, lei dos incentivos
fiscais, para aí sim, conseguir de grandes empresas, que tem interesse
na preservação e na memória do Brasil para poder aplicar recursos nesta
ferrovia abater do imposto de renda, e reativar. Porque só assim a
gente vai conseguir reativar”, explica Antonio Pastori, associação de
preservação ferroviária.
Jornal Nacional - Rede Globo
Edição do dia 18/05/2013
18/05/2013 21h34
- Atualizado em
18/05/2013 21h34
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