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As empresas ferroviárias estão tendo dificuldades para acompanhar a crescente demanda americana por picapes e SUVs, frustrando a Ford Motor Co. e a Toyota Motor Corp. e levando Warren Buffett a aumentar os investimentos em sua unidade ferroviária.
A escassez de vagões é particularmente aguda entre as unidades double-deck (de dois andares), suficientemente grandes para acomodar exemplares de picapes e SUVs mais altos empilhados um sobre o outro. A BNSF Railway Co., de propriedade da Berkshire Hathaway Inc., de Buffett, comprará quase 1.900 vagões desse tipo neste ano, mais do que sua aquisição total combinada de vagões de duplo e triplo empilhamento durante os últimos dois anos.
A Toyota, cujo sistema de produção é conhecido por evitar o excesso de produção e o acúmulo de estoque, está pavimentando áreas em duas fábricas americanas para estacionar modelos como o SUV Highlander durante épocas em que não há vagões suficientes disponíveis. As fabricantes de carros estão tendo mais dificuldades para enviar os veículos às concessionárias em um momento em que a demanda por picapes e SUVs está estendendo a expansão mais longa do mercado automotivo dos EUA desde a Segunda Guerra Mundial.
"Se eu estou feliz com a dotação total de equipamentos à disposição?", disse Bill Mikkelsen, gerente de logística de veículos norte-americana da Ford, por telefone. "Não. Eu acho que nenhuma fabricante está feliz".
Os americanos compraram 7,2 milhões de picapes e SUVs no ano passado, 11 por cento a mais do que no ano anterior e o maior total em uma década, segundo a empresa de pesquisas Autodata Corp. A demanda pelo SUV Escape, da Ford, atingiu um recorde. A linha completa de SUVs da Toyota e o conjunto de modelos light truck (vans, picapes e SUVs) da Honda Motor Co. também atingiram a maior demanda da história.
"Eu sei, de conversar com outras fabricantes, que todos estão tendo seus desafios com os vagões", disse Brian Mason, gerente nacional da Toyota Logistics Services, por telefone. "Se nós, da logística, não pudermos tirar todos os veículos do pátio e manter esse espaço livre para que a fábrica possa continuar produzindo veículos, começaremos a restringir a produção".
Pavimentando terreno
Atualmente, a Toyota está pavimentando mais terras próprias no entorno das fábricas de montagem em Indiana e Kentucky para ter capacidade de armazenagem para pelo menos cinco dias de produção, em vez de três dias ou menos, disse Mason.
"A Toyota tradicionalmente funciona de forma bastante enxuta", disse ele. "Nós queremos estar no negócio com carros em movimento e não armazenados".
A Ford também recorreu ao estacionamento de alguns F-150s em sua pista de testes em Dearborn, Michigan, que pode acomodar cerca de 8.000 a 10.000 veículos, disse Mikkelsen. A Honda adicionou espaço de estacionamento em suas instalações e expandiu o uso de caminhões para a movimentação de veículos, disse Dennis Manns, vice-presidente de planejamento de vendas e logística da fabricante.
Devido aos atrasos no serviço da BNSF no ano passado, a unidade recebeu críticas de Buffett por decepcionar os clientes no relatório anual da Berkshire, divulgado no dia 1º de março. A empresa investirá US$ 6 bilhões em infraestrutura e equipamentos neste ano, quase 50 por cento a mais do que o investido por qualquer outra empresa ferroviária em um único ano, segundo a Berkshire.
Mais capacidade
"Nossos investimentos enormes em breve levarão a um sistema com capacidade maior e a um serviço muito melhor", escreveu Buffett em sua carta anual.
As empresas ferroviárias adicionarão cerca de 1.070 vagões de duplo empilhamento e mais de 550 vagões de triplo empilhamento à frota norte-americana até o fim deste mês, após adicionar poucas unidades em 2012 e 2013, disse Mason, da Toyota. As empresas se comprometeram a adicionar mais 4.000 vagões duplos ou triplos em 2015 e 2.700 em 2016.
A CSX Corp. planeja expandir sua frota de vagões automotivos em cerca de 6 por cento neste ano, escreveu Melanie Cost, uma porta-voz, em um e-mail. A empresa com sede em Jacksonville, Flórida, adicionará vagões com prateleiras conversíveis, tornando possível que sejam usados como vagões tanto de dois quanto de três andares.
Fonte: Bloomberg
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