Na plataforma da Estação Anhumas, a 15 minutos do centro de Campinas e a 100 quilômetros de São Paulo, sambas de Adoniran Barbosa controlam a expectativa de quem espera para embarcar na maria-fumaça. São quase 10h de um domingo cheio de sol quando ela aponta e apita no horizonte, recebida por aplausos e gritos animados de famílias com crianças, casais e grupos de amigos.
Depois de entrar no trem com destino à vizinha Jaguariúna, os passageiros recebem informações preciosas dos voluntários que trabalham para a Associação Brasileira de Preservação Ferroviária: a ferrovia data do século 19, foi construída com os recursos dos barões de café do interior paulista e é símbolo de uma época de ouro para o Estado.
O passeio turístico acontece aos finais de semana graças à organização dos membros dessa Associação. São mais de 80 pessoas que compartilham um amor comum: os trens. Quem não colabora na operação turística, trabalha aos finais de semana na oficina. Ali, eles devolvem vida a locomotivas centenárias e desgastadas pelo tempo. Seu Helio, voluntário desde os anos 1980, mostra com os olhos cheios de orgulho alguns carros (o termo correto para vagões, que no jargão transportam apenas carga e não pessoas) restaurados. Um deles era usado por D. Pedro II e sua comitiva. Como casas sobre rodas, o trem tinha quarto, sala e cozinha com geladeira de madeira. O luxo é denunciado pelos lustres de bronze, bancos de couro e móveis de madeira de lei. “Certamente, aqui temos um dos maiores acervos de trens antigos do mundo”, afirma Helio.
De volta ao passeio, quando olhamos pela janela, em alguns momentos é como se fôssemos transportados para um filme de época: estão lá as antigas fazendas produtoras, com seus casarões e palmeiras imperiais. Estão também as velhas estações. Tanquinhos é uma delas. Tombada pelo patrimônio histórico, ela foi reformada com recursos da bilheteria da ferrovia turística Campinas-Jaguariúna. O dinheiro, porém, não foi suficiente para concluir a pintura da fachada e dos cômodos. “Além dos passeios de final de semana, nós recebemos todos os dias excursões de escola aqui. São mais de 50 mil alunos por ano. Eu recebo as turmas com as professoras e meu sonho é ver essa estação tinindo, como nos tempos dos barões”, conta Marcos, colaborador da Associação e um dos grandes entusiastas da restauração.
Para concluí-la, Marcos e os colegas acabam de lançar uma campanha de financiamento na Garupa. Eles precisam arrecadar R$ 26.125,00. Quem doa tem desconto no bilhete para fazer o passeio e ainda ajuda a preservar nosso patrimônio histórico e cultural. Curtiu? Acesse www.garupa.juntos.com.vc/projetos/mariafumaca
Fonte: Blog - Garupa
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