Fonte: 03/01/2011 - Valor Econômico
As estradas brasileiras, que hoje respondem por 70% do escoamento da produção nacional, continuarão a protagonizar a malha logística do país, mas perderão cada vez mais espaço com o crescimento dos modais ferroviário e hidroviário. A inversão na matriz logística nacional será a principal busca do Ministério dos Transportes, afirmou o senador Alfredo Nascimento (PR-AM), que assumiu o ministério no sábado, substituindo Paulo Sérgio Passos. Na pauta ferroviária inclui-se a realização do leilão do trem-bala entre São Paulo e Rio, marcado para abril. Segundo Nascimento, a licitação está mantida.
Questionado sobre seu retorno aos Transportes, Nascimento afirmou que "não gostaria de ter voltado", já que esta será a terceira vez que ele cuidará da pasta, mas comentou que seu nome "foi consenso" dentro do partido, além de ter sido aceito pelo governo. "Eu represento o meu partido no governo."
Durante a solenidade de posse, o ex-ministro Paulo Passos, que foi secretário-executivo de Nascimento e ficou à frente do Ministério por nove meses, elogiou o aumento dos investimentos feitos pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva, que passaram de R$ 1,5 bilhão por ano em 2000 para R$ 16,5 bilhões em 2010. Passos comentou ainda que no início da década de 2000 a malha rodoviária se encontrava degradada e incapaz de atender a demanda.
Alfredo Nascimento afirmou que Passos "é um ótimo administrador", mas disse que não chegou a conversar com o ex-ministro sobre a possibilidade de ele permanecer nos Transportes. Nascimento também descartou a criação de novas secretarias e garantiu que boa parte da equipe atual deverá ser mantida.
"Vamos trabalhar para mudar o cenário logístico do país. Infelizmente o modal de transporte brasileiro não é o correto. Não se privilegiou o investimento em ferrovias e hidrovias, mas apenas em rodovias", disse o ministro, após a solenidade.
"Recuperamos 90% da malha rodoviária do país, mas já começamos a investir em ferrovias e vamos aproveitar melhor os rios. Vamos concluir a ferrovia Norte-Sul no primeiro semestre deste ano e a Transnordestina em 2012."
Durante seu discurso, Nascimento exaltou a presidente Dilma Rousseff como a maior executiva que já conheceu em seus 30 anos de vida pública e disse estar satisfeito com o orçamento garantido para o ministério. Em 2004, comentou, foram disponibilizados somente R$ 2,4 bilhões para a pasta. Em 2011 serão R$ 21 bilhões, verba impulsionada pela segunda fase do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
O novo ministro dos Transportes não pretende criar uma gestão específica para lidar com as obras ligadas à Copa do Mundo de 2014 e à Olimpíada de 2016, mas garantiu que irá acompanhar esses projetos com mais atenção.
Alfredo Nascimento retorna ao Ministério dos Transportes depois de ter deixado o cargo em março de 2010 para concorrer ao governo do Amazonas. Perdeu a disputa para Omar Aziz (PMN). A primeira vez que assumiu o posto foi em 2003, mas deixou a pasta em 2006 para concorrer ao Senado e foi eleito com a maior votação do Estado do Amazonas.
Nascimento tem formação em Letras e Matemática, com especialização em Administração de Empresas. Foi secretário da área econômica do governo do Amazonas várias vezes, além de vice-governador e senador.
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