01/07/2012 - Agência Estado
Compra de dormentes com preço 36% acima do que seria possível, prejuízo potencial próximo a R$ 200 milhões na aquisição de trilhos e quase mil quilômetros de ferrovias para transportar grãos e minérios sem um único pátio para os caminhões fazerem carga e descarga são as heranças recebidas pelo atual presidente da Valec, José Eduardo Saboia Castello Branco. Ele considera esses os três principais entraves para que os investimentos em ferrovia deslanchem.
"Foi uma licitação – pode botar essa palavra – absurda que fizeram no passado", frisa, ao falar sobre o certame realizado pela diretoria anterior para comprar trilhos. Foi feita uma concorrência da qual só participaram empresas brasileiras. "O Brasil não fabrica um grama de trilhos." Ele quer fazer licitação internacional e acredita que conseguirá economia de 30% a 40%. "Pode cobrar." A expectativa é que, com a economia do primeiro mundo em crise e os grandes projetos postergados, está criada uma excelente oportunidade para comprar trilhos de alta qualidade a preços de ocasião.
Serão adquiridas cerca de 210 mil toneladas de trilhos. O preço fixado na licitação realizada pela diretoria anterior é de R$ 3 mil por tonelada. Castello Branco acha que consegue comprar produto melhor a cerca de R$ 2 mil a tonelada. Na ponta do lápis, a economia seria de R$ 210 milhões.
Dormentes. Outra herança problemática recebida por Castelo Branco que continua emperrando investimentos um ano depois da "faxina" são os contratos com as construtoras da Norte-Sul e da Fiol (Ferrovia de Integração Oeste-Leste).
Há nada menos do que 12 fábricas de dormentes instaladas para atender às obras, que somam 1,7 mil km. A Transnordestina, empreendimento privado com a mesma extensão, tem uma só. O resultado é que o dormente da Transnordestina sai a R$ 220 e o da Norte-Sul, a R$ 300, uma diferença de 36%.
A discrepância de preços gerou processo no Tribunal de Contas da União (TCU). A Valec pretende concluir em breve as negociações para que seja aceito o dormente a R$ 270. Segundo o presidente da Valec, não é possível chegar ao nível de preço da Transnordestina porque lá há um imenso ganho de escala. Trata-se da maior fábrica de dormentes do mundo, que funciona noite e dia.
Já na Norte-Sul e na Fiol são vários consórcios construtores e por alguma razão foi permitido que fosse instalada uma fábrica a cada lote. Até seria possível desativar algumas, dando mais escala às demais, mas seria necessário indenizar a empreiteira.
O terceiro entrave que o presidente da Valec diz ter encontrado são obras malfeitas no trecho da Norte-Sul entre Palmas (TO) e Anápolis (GO). A extensão de quase mil km deveria ser inaugurada neste mês, mas não será porque alguns segmentos terão de ser refeitos e faltam obras complementares, como pátios intermodais para os caminhões fazerem carga e descarga nos trens.
"Não adianta ter linha se não tem pátio", diz Castello Branco. A finalidade principal da Norte-Sul é escoar a produção agrícola do centro do País até os portos.
Uma parte pequena, de pouco mais de 300 km, poderá ser entregue no fim de agosto. Será o primeiro pedaço da ferrovia inaugurado desde 2007. Ainda assim, o trecho será entregue sem a licença de operação emitida pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais (Ibama), pois faltam obras de contenção de erosão nas margens da linha férrea.
Compra de dormentes com preço 36% acima do que seria possível, prejuízo potencial próximo a R$ 200 milhões na aquisição de trilhos e quase mil quilômetros de ferrovias para transportar grãos e minérios sem um único pátio para os caminhões fazerem carga e descarga são as heranças recebidas pelo atual presidente da Valec, José Eduardo Saboia Castello Branco. Ele considera esses os três principais entraves para que os investimentos em ferrovia deslanchem.
"Foi uma licitação – pode botar essa palavra – absurda que fizeram no passado", frisa, ao falar sobre o certame realizado pela diretoria anterior para comprar trilhos. Foi feita uma concorrência da qual só participaram empresas brasileiras. "O Brasil não fabrica um grama de trilhos." Ele quer fazer licitação internacional e acredita que conseguirá economia de 30% a 40%. "Pode cobrar." A expectativa é que, com a economia do primeiro mundo em crise e os grandes projetos postergados, está criada uma excelente oportunidade para comprar trilhos de alta qualidade a preços de ocasião.
Serão adquiridas cerca de 210 mil toneladas de trilhos. O preço fixado na licitação realizada pela diretoria anterior é de R$ 3 mil por tonelada. Castello Branco acha que consegue comprar produto melhor a cerca de R$ 2 mil a tonelada. Na ponta do lápis, a economia seria de R$ 210 milhões.
Dormentes. Outra herança problemática recebida por Castelo Branco que continua emperrando investimentos um ano depois da "faxina" são os contratos com as construtoras da Norte-Sul e da Fiol (Ferrovia de Integração Oeste-Leste).
Há nada menos do que 12 fábricas de dormentes instaladas para atender às obras, que somam 1,7 mil km. A Transnordestina, empreendimento privado com a mesma extensão, tem uma só. O resultado é que o dormente da Transnordestina sai a R$ 220 e o da Norte-Sul, a R$ 300, uma diferença de 36%.
A discrepância de preços gerou processo no Tribunal de Contas da União (TCU). A Valec pretende concluir em breve as negociações para que seja aceito o dormente a R$ 270. Segundo o presidente da Valec, não é possível chegar ao nível de preço da Transnordestina porque lá há um imenso ganho de escala. Trata-se da maior fábrica de dormentes do mundo, que funciona noite e dia.
Já na Norte-Sul e na Fiol são vários consórcios construtores e por alguma razão foi permitido que fosse instalada uma fábrica a cada lote. Até seria possível desativar algumas, dando mais escala às demais, mas seria necessário indenizar a empreiteira.
O terceiro entrave que o presidente da Valec diz ter encontrado são obras malfeitas no trecho da Norte-Sul entre Palmas (TO) e Anápolis (GO). A extensão de quase mil km deveria ser inaugurada neste mês, mas não será porque alguns segmentos terão de ser refeitos e faltam obras complementares, como pátios intermodais para os caminhões fazerem carga e descarga nos trens.
"Não adianta ter linha se não tem pátio", diz Castello Branco. A finalidade principal da Norte-Sul é escoar a produção agrícola do centro do País até os portos.
Uma parte pequena, de pouco mais de 300 km, poderá ser entregue no fim de agosto. Será o primeiro pedaço da ferrovia inaugurado desde 2007. Ainda assim, o trecho será entregue sem a licença de operação emitida pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais (Ibama), pois faltam obras de contenção de erosão nas margens da linha férrea.
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