Foi com uma imensa alegria que recebemos esta homenagem prestada por Aristides Dorigo, jornalista, ao meu bisavô: Ildefonso Guedes Pinto. A reportagem narra parte de sua biografia, em particular sua participação na greve dos ferroviários da Leopoldina Railway em 1934. Segue-se abaixo a transcrição da reportagem de 2004:
Resgatando a Memória - Ildefonso Guedes Pinto - Um herói ferroviário
Bisavô Ildefonso e minha avó Maria Helena
No momento em que se comemora o cinquentenário da emancipação político-administrativa de Patrocínio do Muriaé, minha terra natal (01-01-1954), lembrei-me de prestar homenagem à memória do herói ferroviário Ildefonso Guedes Pinto, mineiro de Manhuaçu, que chefiou a estação ferroviária de minha terra natal, durante cerca de oito anos (década de 40), pautando por uma linha de disciplina rigorosa, mas de uma ternura admirável.
Era de uma postura invejável, e gostava de torcer, de quando em vez, aquele bigode cheio de aparado. Inteligente, prestativo, pai extremoso, primava em participar de atividades esportivas. Foi organizador e presidente do L.R. Futebol Clube, que deu memoráveis vitórias ao nosso então distrito. Tornou-se, também, organizador e presidente do clube carnavalesco Vermelho e branco, que fazia sucesso.
Indefonso Guedes Pinto exercia uma autoridade reconhecida no então distrito, e se fazia respeitar por todos que dele se acercavam. Quando havia algum desentendimento entre particulares e os guarda-freios de trem (José Arruda, Aristides Almeida e José Raymundo), que chegavam à vias de fato, o que às vezes acontecia no prostíbulo da Beira Rio, hoje Cristo Rei, os litigantes corriam para se abrigarem na estação ferroviária, porque sabiam que a polícia não invadia o recinto da ferrovia, pois o Sr. Guedes não permitia que os agentes da lei ali penetrassem. Ele era a própria lei. E, definitivamente, não permitia que a estação ferroviária fosse invadida por qualquer pessoa estranha ao serviço. Os policiais só compareciam, ali, quando chamados, pois o Sr. Guedes fazia questão de exercer o poder de repreensão ao subordinado faltoso.
Estação Ferroviária de Patrocínio do Muriaé, chefiada por meu bisavô
Um episódio importante do qual fui testemunha ocular, pois era praticante do serviço telegráfico, lembro-me bem, ocorreu em 7 de Abril de 1934, quando irrompeu a primeira greve dos ferroviários reivindicando melhores salários, com inicio no Rio de Janeiro e logo se alastrando pelo interior.
Em Patrocínio do Muriaé, o movimento teve, como grande líder, os Sr. Ildefonso Guedes Pinto que segurou todos os trêns procedentes do Rio, Carangola, Itaperuna e Muriaé. Fez uma fileira de 10 locomotivas e carros de passageiros que foram estacionar linha principal. Alguns passageiros ficaram desesperados porque queriam chegar ao destino. Mas o Sr. Guedes de Winchester 44 na mão não deixava que nenhum estranho se aproximasse da estação. Este movimento que teve o Sr. Guedes como herói, durou cerca de 3 dias até não vitorioso totalmente, cessou por interferencia do Estado e da Federação. Cessado o movimento, mais tarde a administração da ferrovia inglesa tentou transferi-lo para Cachoeiro do Itapemerim, porém, esta determinação fora posteriormente cancelada, face a influencia de seus amigos políticos junto à direção da ferrovia e ao governo.
Quando finalmente Patrocínio do Muriaé emancipou-se de Muriaé, instalando-se a prefeitura em 1954. Ildefonso Guedes Pinto foi eleito vereador com espressiva votação tornando-se 1º secretário da Câmara Municipal. Honras e glória à memória de Ildefonso Guedes Pinto que hoje descansa no campo sagrado de Muriaé e sua bonissima alma rodeada de anjos nas messes de Deus.´
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