O crescimento econômico do Brasil aponta uma necessidade urgente: investir cada vez mais no modal ferroviário, tanto para o transporte de cargas como de passageiros. O assunto esteve em discussão na manhã desta terça-feira (16) na sede da CNT, em Brasília (DF), durante o Seminário Tecnologias Ferroviárias: Capacitação profissional, industrial e normativa.
Durante o evento, o presidente da Associação Nacional de Transportadores de Passageiros sobre Trilhos (ANPTrilhos), Joubert Flores, destacou que, no Brasil, as ferrovias ainda não são prioridade. Segundo levantamento apresentado por ele, o metrô do Rio de Janeiro, por exemplo, possui 41 km de malha, e o de São Paulo pouco mais de 70 km. Em contrapartida, Madri conta com 274,56 km; Londres, com 438,9km, e Nova Iorque tem 479 km.
“No nosso país, cerca de 80% das pessoas vivem nas cidades, então há uma saturação da infraestrutura de transportes. Os tempos de deslocamento são muito grandes e algumas pessoas chegam a perder cinco horas por dia no descolamento na cidade de São Paulo, o que traz inúmeros prejuízos para o país”, ressaltou o dirigente da ANPTrilhos.
Flores comparou ainda a capacidade de transporte dos trens com outros veículos. Segundo dados da associação, enquanto o metrô consegue transportar 60 mil passageiros por hora/sentido, o ônibus, em uma faixa, leva 6.700 passageiros e, os automóveis, 5.450 passageiros em três faixas.
Infraestrutura:
O presidente da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer), Vicente Abate, apresentou diversos números - positivos - do setor. De acordo com ele, se hoje as ferrovias representam 25% da matriz de transporte do Brasil, a expectativa é alcançar 35% até 2025.
“O setor de transporte sobre trilhos transporta mais de dois bilhões de pessoas por ano no país, entre metrô e trens de passageiros. A implantação do Trem de Alta Velocidade (TAV) também trará benefícios, como a geração de 12 mil empregos, a redução do tempo de deslocamento, poluentes e congestionamentos, além de promover o desenvolvimento tecnológico”, defendeu.
O representante da Associação Latino Americana de Ferrovias (Alaf), Jean Pejo, afirmou que o país pode ser mais competitivo. “O Brasil gasta 20% do seu PIB com distribuição de produtos como soja, extração mineral e outros. Enquanto isso, a Alemanha e o Japão gastam 13% e, os Estados Unidos, apenas 12%. Nós temos que mudar isso investindo em ferrovias”, assegurou.
O seminário é promovido pela Frente Parlamentar Mista das Ferrovias do Congresso Nacional. O coordenador da Frente, deputado Pedro Uczai (PT-SC), anunciou que o grupo pretende lançar quatro livros nos próximos quatro anos sobre o assunto, com o objetivo de acompanhar o desenvolvimento do setor. “Estou convencido de que a ferrovia é o transporte o mais barato, mais seguro, ambientalmente mais correto e, além disso, contribui para a melhoria das rodovias”.
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