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Title: Previ, Funcef e BRZ contestam fusão da ALL
Author: Anderson Nascimento
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Os fundos de pensão Previ e Funcef e a gestora de recursos BRZ ALL, donos de 30,4% do bloco de controle da concessionária de ferrovias A...

Os fundos de pensão Previ e Funcef e a gestora de recursos BRZ ALL, donos de 30,4% do bloco de controle da concessionária de ferrovias América Latina Logística (ALL), estão contratando, em conjunto, um banco para ser seu adviser financeiro, com o fim de avaliar a proposta da Rumo Logística para incorporação da ALL. E, com isso, representar seus interesses no negócio.
O objetivo é passar um pente fino na proposta, formalizada na última segunda-feira, e, daí, decidir se a aprovam ou a recusam. Os três acionistas da ferrovia, segundo apurou o Valor, estão insatisfeitos com os termos do negócio e com a forma como ele foi conduzido pelos dois acionistas relevantes da companhia - Wilson De Lara e Ricardo Arduini.
Se prevalecer essa condição, o plano de fusão entre a ALL e a Rumo vai naufragar. Para sua aprovação são necessários 75% dos votos do bloco de controle. Mas De Lara e Arduini têm 53%, enquanto o BNDES, que vê com bons olhos a união, é dono de 16,6%.
A oferta da Rumo, controlada do grupo Cosan, de energia (açúcar, etanol e gás) e infraestrutura, avaliou a ALL em R$ 6,95 bilhões, o equivalente a R$ 10,18 por ação da empresa. Na nova configuração societária, os acionistas da Rumo (Cosan, Gávea e o fundo TPG) ficariam com 36,5% do capital da nova companhia de logística ferroviária, rodoviária e portuária.
Previ, Funcef e BRZ apontam, entre outras, três razões pelas quais resolveram questionar a fusão, cujas negociações começaram há três meses sob a coordenação da butique de fusões e aquisições Estáter, de Pércio de Souza.
O primeiro motivo diz respeito justamente à Estater. As fundações e a BRZ não concordam com o valor ("fee") de pagamento definido para a empresa de Souza como adviser da operação. Ela, inicialmente, foi contratado para ajudar a ALL a buscar uma solução para a briga judicial (ação na Justiça comum e em uma câmara de arbitragem) sobre um contrato de transporte de açúcar firmado com a Rumo cinco anos atrás. Daí, seu papel evoluiu para desenhar uma reorganização societária envolvendo as duas empresas em conflito.
Os três acionistas querem rediscutir o "fee" acertado com a Estáter, para eles considerado muito elevado. Procurada, a Estáter preferiu não comentar o assunto e a posição dos três acionistas do bloco de controle da ALL. A direção da BRZ também informou que não comentaria.
A segunda razão do desagrado das duas fundações e da BRZ, conforme apurou o Valor, refere-se à desistência ao plano de capitalização de R$ 1 bilhão que seria feita na Rumo por seus acionistas, a qual comporia a proposta de fusão. Esse item foi tirado da pauta, conforme noticiou o Valor na sua edição de 13 de fevereiro, porque iria requerer um longo tempo, o que acabaria atrasando a operação.
O terceiro motivo, questionado inclusive na primeira tentativa de entrada da Cosan na ALL, em 2012, é o temor de que a nova companhia se transforme em centro de custo da Rumo. Durante teleconferência da Cosan, na segunda-feira, para detalhar a operação, foi informado que está prevista a criação de um Comitê de Partes Relacionadas justamente para gerir esses conflitos. Com cinco representantes dos acionistas, a Cosan teria apenas um e não votaria.
Ontem, durante conferência sobre o balanço da Cosan, o presidente do grupo, Marcos Lutz, disse que "a companhia sempre se prepara para "tudo", em resposta à uma possível rejeição dos acionistas da ALL à operação.
"A gente sempre se prepara para tudo, uma proposta sempre pode ou não ser aceita", afirmou Lutz. "Obviamente, a gente pôs na mesa uma proposta que consideramos bastante geradora de valor para todas as partes, [inclusive] para os acionistas minoritários da ALL. Vimos isso nas ações da ALL, que reagiram muito positivamente, desde o vazamento - que o próprio Valor fez -, até a comunicação oficial do 'deal' [negócio]", afirmou Lutz.
"Os outros sócios têm sempre a capacidade de optar por tudo que eles têm direito na governança. O que nos cabe, no momento, é realmente aguardar e escutar os próximos capítulos", disse o executivo.

Fonte: Valor Econômico
Publicada em:: 28/02/2014

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