14/08/2012 - Valor Econômico
O governo resolveu "fatiar" a construção do trem de alta
velocidade Rio-São Paulo-Campinas em vários lotes diferentes para
acelerar suas obras e inaugurar o empreendimento antes de 2020. Segundo
Bernardo Figueiredo, presidente da Etav, a estatal criada para entrar no
negócio, a ideia é dividir o projeto - que soma 511 quilômetros - em
possivelmente dez trechos de cerca de 50 quilômetros. Isso criará
frentes de trabalho paralelas e evitará que a obra fique na dependência
de um grupo restrito de construtoras.
Na avaliação do governo, a parte mais crítica do projeto são as obras
civis. "Se tivermos uma só empreiteira para fazer 500 quilômetros em
quatro anos, provavelmente o prazo não será cumprido. Mas se tivermos
dez grupos trabalhando ao mesmo tempo, talvez esse não seja um desafio
tão grande", diz Figueiredo.
A concorrência será internacional. Com isso, o governo busca tirar
proveito da relativa ociosidade de construtoras estrangeiras que têm
sido afetadas pela queda do investimento em grandes obras nos países
ricos. O início das obras do TAV ocorrerá apenas em 2014. O prazo de
entrega será de seis anos, mas Figueiredo acha que existem condições de
antecipar a entrada em operação do trem-bala para 2019. Para chegar a
essa etapa, ainda há um longo caminho a percorrer depois que a
presidente Dilma Rousseff anunciar a retomada do projeto, em reunião
amanhã com 30 empresários, no Palácio do Planalto.
Até o fim de agosto, o governo divulgará o novo calendário de
audiências públicas, com reuniões em pelo menos seis cidades: Brasília,
São Paulo, Rio, Campinas, São José dos Campos e Barra Mansa. A primeira
licitação do TAV, que definirá a futura operadora e a tecnologia a ser
empregada, sairá no primeiro semestre de 2013. Haverá cláusulas - tempo
de operação no país de origem, histórico de acidentes e numero de
passageiros transportados - para garantir uma "tecnologia de ponta" no
Brasil. Isso poderá dificultar a participação da China, que teve um
acidente com 43 mortos em julho de 2011.
O governo contratará o projeto executivo do TAV também dividindo-o em
trechos e assumirá os riscos de demanda. "Passar o risco para a
concessionária não é necessariamente um bom negócio se o preço disso for
muito alto".
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