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Title: País volta a investir em ferrovias. Como adaptar os portos brasileiros a esta nova realidade?
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  O setor logístico brasileiro passa por um momento de transformação, em que o modal ferroviário volta à agenda de prioridades. O cenário...

 

O setor logístico brasileiro passa por um momento de transformação, em que o modal ferroviário volta à agenda de prioridades. O cenário, que já vinha sendo desenhado pelos números positivos do segmento nos últimos anos, ganhou um impulso maior com a recente criação, pelo Governo Federal, da Empresa de Planejamento e Logística (EPL), que pretende investir, ao longo de 25 anos, R$133 bilhões em rodovias e ferrovias. Mesmo com este ambiente de otimismo, há neste processo, no entanto, um obstáculo a ser superado: como readaptar complexos de embarque e desembarque de cargas, como os portos, a esta realidade e de modo ágil e ecoeficiente?

“O Porto de Santos, por exemplo, não tem estimulado a vocação para o transporte ferroviário de contêineres. Para fazermos projeções positivas no complexo quanto ao aumento do uso de trens de carga, é necessário investir em uma série de transformações”, ressalta Washington Soares, vice-presidente da Câmara Brasileira de Contêineres, Transporte Ferroviário e Multimodal (CBC) e pesquisador de políticas sustentáveis e modais ecoeficientes. “A movimentação de cargas deve ocorrer dentro do porto organizado por meio de vagões double stack, para minimizar o custo logístico do usuário e, ao mesmo tempo, fomentar o modal mais ecoeficiente”, explica.

Para que isso aconteça, frisa Soares, é fundamental que a autoridade portuária invista em equipamentos para movimentação em circunstancias especiais de transbordo com movimentação aérea pelo Conceito Thruport (transporte por transbordo entre áreas) e em veículos adaptados com tecnologia adequada para controle de emissões, para não gerar problemas de externalidades que provoquem impactos sociais, ambientais e econômicos à comunidade portuária. “Para evitar novos custos de transbordos ao usuário do porto, a formação de trens expressos de contêineres no porto, a exemplo de outros portos no exterior, deve ocorrer dentro do porto organizado, em área segregada pela autoridade portuária, ou, preferencialmente, nas áreas adjacentes dos terminais próximos aos navios”, afirma.

A importância da ecoeficiência em processos logísticos, destaca, parte da premissa de um porto mais sustentável e, para isso, é necessário fomentar o desenvolvimento do conceito de Modal Shift (troca modal), sobretudo com a perspectiva de um transporte sustentável por meio do estímulo a modais ecoeficientes para diversos processos cujo gerenciamento envolve todos os elos da cadeia de suprimentos.
“Considerando os novas propostas de investimentos com base no programa de projetos voltados a ferrovia divulgados no PAC 2, o montante dos recursos atingirá R$91 bilhões no setor. A ecoeficiência operacional depende de áreas de transbordos para serviços de transporte intermodal e para induzir práticas sustentáveis de serviços logísticos em distribuição física, com inovações organizacionais com o modal ferroviário. Isso deve partir da premissa da disponibilidade para conexão com a rede ferroviária portuária”, explica.

Transporte sustentável Washington Soares cita o Porto de Vancouver, no Canadá, como exemplo: “Uma das características do transporte sustentável lá é o papel exercido pelo departamento de fiscalização do setor de transportes e movimentação de cargas sobre práticas ambientais, que toma medidas diuturnamente para mitigar os impactos ambientais a partir do controle de emissões de CO2 feito pelas concessionárias ferroviárias, não ficando a responsabilidade apenas do departamento das operações dos arrendatários de áreas privatizadas do porto organizado”. E completa: “Nos complexos brasileiros, a contratação de uma empresa especializada em gestão multimodal pode ser um caminho interessante para desenvolver projetos de pesquisas de ecoeficiência para o transporte sustentável por ferrovia”.

A projeção para este ano de 2012 é de que o setor de transporte ferroviário de cargas movimente, segundo a Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF), um total de R$ 5,3 bilhões, em um setor que envolve aproximadamente 47 mil trabalhadores. Para atender necessidade por mão de obra qualificada, 13 universidades federais já anunciaram que vão ofertar cursos direcionados para o modal. A Universidade Federal de Juiz de Fora, em Minas Gerais, pretende disponibilizar, em 2013, o curso de Engenharia Ferroviária.

Expansão O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) está investindo, ao longo deste ano, R$ 2,4 bilhões para o transporte sobre trilhos, número 63% maior ao de 2011. Entretanto, a Câmara Brasileira de Contêineres, Transporte Ferroviário e Multimodal (CBC) mantém a preocupação com ausência da expansão das ferrovias, dentro dos limítrofes do porto organizado, para formação de trens que atendam o transporte de contêineres. Isto só ocorrerá se existir interesse dos arrendatários das áreas do porto organizado que, por ora, ainda defendem projetos de erradicação de linhas férreas nos terminais, mesmo sabendo da existência de projetos os quais certamente dependerão da conexão portuária. Mesmo com os recursos públicos já aprovados, não tratam com a mesma prioridade a ferrovia dentro da área do porto organizado, como o programa de planejamento e investimentos do Governo Federal divulgado no PAC (Plano de Aceleração de Crescimento) 2.



Fonte: Notícias ITRI Rodoferrovia
Publicada em:: 23/10/2012

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