ESTAÇÃO BARÃO DE MAUÁ
A Casa da Mãe Joana
A Estação Barão de Mauá, sede
da antiga Estrada de Ferro Leopoldina, já é conhecida como “a casa da Mãe
Joana”, tal a balbúrdia que ali tem acontecido.
O problema da Estação não se
resume à degradação das instalações. Sem trens há algum tempo, sua gare tem
sido alugada pela Supervia para eventos que constrangem os ferroviários: festas
com música eletrônica, conhecidas como “rave”, onde a droga rola livremente e o
sexo é praticado publicamente. Até morte já aconteceu em uma delas.
Seu pátio está ocupado por
atividades totalmente estranhas a uma estrada de ferro, como um depósito de
veículos apreendidos, dependências da Escola Nacional de Circo, órgãos da
Defesa Civil e um grande canteiro de obras do Consórcio Construtor da Linha 4
do Metrô, que poderá inviabilizar ou dificultar a implantação de projetos como
o Expresso Imperial - ligação entre Petrópolis e Rio, o terminal do TAV – Trem
de Alta Velocidade e o Museu Ferroviário Nacional.
Um detalhe: o complexo da Estação,
que pertence à União, foi cedido graciosamente à Supervia pelo Governo do
Estado, que detem apenas 50% de sua posse (não a propriedade). Tudo sob o olhar
complacente e omisso dos órgãos federais. Uma estranha transação.
Por tudo isso, a AENFER – Associação
de Engenheiros Ferroviários, o Instituto Rio Carioca e o Instituto Uniarte
impetraram uma Ação Civil Pública, que está tramitando na Justiça Federal.
Pedem a responsabilização do Governo do Estado, por ceder a terceiros algo que
não lhe pertence; o INEPAC – Instituto Estadual do Patrimônio Cultural, que
tombou a Estação, por omissão; a Supervia, pelo uso indevido do imóvel que lhe
foi cedido; órgãos da União (IPHAN, SPU e Inventariança da Extinta RFFSA), por
complacência e omissão.
O processo, com o nº
0007795-68.2012.4.02.5101, encontra-se em poder do Juiz da 23ª Vara Federal no
Rio de Janeiro. Além de uma inicial com 16 páginas, a Ação contém mais de 300
folhas com farta documentação e registros fotográficos dos descalabros que
assolam a Estação desde 2005. O texto completo da inicial da Ação pode ser lido
no site do MPF – Movimento de Preservação Ferroviária – www.trembrasil.org.br
Em tempo: apesar da Ação
referida, a farra continua. A partir do dia 22 de agosto, em 72 horas uma
“intervenção relâmpago” foi realizada para colocar 5 vigas metálicas pesadas,
apoiadas sobre colunas e atravessando a gare, para um evento cultural que
acontecerá entre 10 de setembro e 14 de outubro. A agressão ao visual da gare e
o questionamento sobre a segurança do imóvel e das pessoas que nele trabalham
ou transitam repercutiram na grande imprensa: o jornal Folha de São Paulo
publicou em sua edição de 27 de agosto uma matéria de autoria do jornalista
Fábio Brisola, com o título “Evento da Nike põe vigas em prédio tombado –
Estrutura que prenderá obra inspirada em tênis não teve aval do patrimônio
histórico”. Consta que, por causa dessa repercussão, o INEPAC teria saído de
sua imobilidade e visitado a Estação na mesma data, concedendo uma autorização
depois da intervenção já consumada. Lamentável!
Basta de ações, complacências
e omissões. Os ferroviários e ferroviaristas pedem providências imediatas, para
evitar que os danos se tornem irreversíveis. Antes que seja tarde demais.
Rio de Janeiro, agosto de 2012
LUIZ OCTÁVIO DA SILVA OLIVEIRA
Vice-Presidente
AFPF – Associação Fluminense
de Preservação Ferroviária
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Bom Dia. Olá a todos. Então pode parecer estranho para alguns, mas para mim seria a realização de um sonho. Sou fotografa e gostaria muito de fotogafar nesse local, eu passo pela linha vermelho e vejo os trens antigos e alguns coloridos, e na minha mente vem várias fotos. Gostaria de saber se existe essa possibilidade. Alguem poderia me ,responder agradeço a todos. Niedja Lopes Mendes . (lopes.niedja@yahoo.com.br)
AINDA BEM QUE O BARAO DE MAUA NÃP ESTA VIVO PRA VER O LIXO QUE VIROU SUAS OBRAS DE ARTE.
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