Petrópolis:
Desativada em cinco de novembro de 1964, a Ferrovia Príncipe do Grão-Pará, que liga Petrópolis a Magé, pode ser reativada. Esta semana, o sonho de rever a via férrea em funcionamento pode se tornar mais real, graças à aprovação pela Comissão de Constituição e Justiça da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro do projeto de lei nº 2736/ 2009, do deputado estadual João Pedro Figueira (DEM-RJ). Basta, de acordo com o deputado, interesse do poder público municipal em correr atrás das verbas do governo federal e estadual. O custo do projeto é estimado em R$ 62 milhões.
“A reativação da linha férrea é de extrema importância para o turismo na cidade de Petrópolis e do Estado do Rio de Janeiro. Todos veem o projeto com bons olhos. Existem recursos para a realização, tanto do governo federal quanto do estadual”, comentou.
A ferrovia, inaugurada em 19 de fevereiro de 1883, foi a primeira a ser construída no Brasil. Ela liga a Vila Inhomirim, em Magé, à Rua Teresa, no Alto da Serra. De acordo com o deputado, a beleza da serra velha já é motivo suficiente para a reativação da via. “O passeio, subindo a serra, é lindo. Vai atrair milhares de turistas. Petrópolis tem um potencial turístico muito grande. Reativar a ferrovia vai beneficiar toda a cidade”, disse. O deputado mencionou vias férreas que alavancaram o turismo em outros municípios, como em Mogi das Cruzes, em São Paulo. Ele conta que a cidade teve um crescente desenvolvimento do turismo depois da criação da ferrovia. Outras cidades em Minas Gerais e algumas no sul do país também foram destacadas pelo deputado.
Para o pesquisador ferroviário, Antônio Pastori, a reativação da ferrovia é um sonho cada vez mais possível. Ele conta que um encontro entre a GT Trens e o governador Sérgio Cabral estará sendo agendado para viabilizar a obra, já que a ferrovia é intermunicipal. “Sabemos que o estado não terá toda a verba disponível, mas também há recursos do governo federal. É preciso aproveitar o momento e dar início ao projeto”, comentou.
O principal objetivo é reativar a linha para o turismo, visando à Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 e restabelecer os primeiros seis quilômetros da via (quatro que ligam o Alto da Serra a Raiz da Serra e outros dois até Magé). Depois, de acordo com Pastori, a intenção é fazer a ligação da ferrovia com uma outra linha da Supervia, e chegar até o Rio de Janeiro.
O maior problema para a implantação do projeto, segundo Pastori, é a situação dos moradores que ocuparam irregularmente parte da Serra Velha. Essas famílias terão que ser removidas e isto, para o pesquisador, vai levar tempo e dinheiro. “Tudo isto tem que ser pensado. Estamos avançando a cada dia. Temos o apoio do deputado, a Firjan já foi contatada, o governo do estado também. Temos que buscar ajuda do Ministério do Turismo”, disse.
A reativação da linha também tem o apoio da população. O site Manifesto Popular conta com mais de duas mil assinaturas a favor do projeto. O que desperta o interesse das pessoas, além de poderem desfrutar de uma belíssima paisagem, é o tempo. A viagem até Magé seria feita em menos de 30 minutos e até o Rio de Janeiro em uma hora. O veículo usado, de acordo com Pastori, será o mais moderno, aliando conforto e eficiência.
D. Pedro na inauguração
Durante os 81 anos de funcionamento, a Ferrovia Grão-Pará transportou em seus trens ilustres passageiros, que vinham para Petrópolis desfrutar do clima ameno. Em sua viagem inaugural marcaram presença Dom Pedro II, Imperador do Brasil, e o Barão do Rio Branco.
Outros personagens da história brasileira também subiram a serra via trilhos, entre eles um garoto de 17 anos, que vinha a Petrópolis para jogar futebol: Garrincha, futuro craque, que morava em Pau Grande, próximo à estação da Vila Inhomirim. Ele era juvenil do time da Companhia Têxtil América Fabril, onde trabalhava e disputava campeonatos contra o Petropolitano, Serrano e Cascatinha.
Machado de Assis, Rui Barbosa, Oswaldo Cruz e outras nomes ilustres também subiram a serra através da ferrovia. Por mais de 80 anos a Estrada de Ferro deleitou os passageiros até ser desativada por ser considerada economicamente inviável.
Tribuna de Petrópolis - 30 / 05 / 2010
Enviada pelo Professor Victor José Ferreira da MPF
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