04/12/2012
Alstom e SuperVia assinaram ontem, dia 3 de dezembro, no Palácio Guanabara, sede do governo do Rio de Janeiro, um acordo para a montagem, em Deodoro, subúrbio do Rio, de uma fábrica de trens elétricos, “encerrando o ciclo de importação de trens da China”, segundo Julio Lopes, secretário de Transportes do Estado. Parte do acordo foi entregar à Alstom a encomenda de 20 TUEs de quatro carros, conforme previsto no contrato que estendeu a concessão da Supervia até 2043.
A instalação será construída, com investimento da SuperVia, no terreno da antiga fábrica de vagões da Cia. Comércio e Construções, com 32 mil m2. Depois da inauguração da fábrica de locomotivas da Progress Rail/Caterpillar, quinta feira 29, em Sete Lagoas (MG), é a segunda fábrica de material ferroviário inaugurada em menos de uma semana, ocupando instalações desativadas. A da Progress Rail/Caterpillar foi montada dentro de uma antiga oficina da Rede Ferroviária.
Fim do ciclo chinês
“O governador me disse: só vamos comprar trens no Brasil quando fizerem uma fábrica no Rio”, declarou Julio Lopes, presentes o governador Sergio Cabral, o vice Luis Fernando “Pezão” de Souza, o presidente da Odebrecht Transport, controladora da SuperVia, Paulo Cesena, o presidente da SuperVia, Carlos José Cunha, e o presidente da Alstom, Marcos Costa e o diretor de Infraestrutura do BNDES, Guilherme Lacerda. “Se não fabricar no Rio, vamos comprar em outro lugar”, acrescentou. Nos últimos três anos, o governo do Rio de Janeiro importou 90 trens da China para a Supervia.
O contrato entre Alstom e Supervia foi finalizado domingo à noite, num esforço para manter a solenidade programada para ontem. Prevê que a Alstom pagará à Supervia um arrendamento pelo terreno e pelas instalações da fábrica. E que a ocupação só continuará além dos 20 TUEs se houver outras encomendas. Mas ontem, no Palácio, ninguém parecia duvidar disso: “teremos primeiro os 15 trens da Linha 4, depois os VLTs da prefeitura, depois a renovação da frota do Metrô Rio, que é da década de 70, depois um bonde moderno para Santa Tereza”, dizia Julio Lopes. “Há ainda os 10 trens adicionais que a SuperVia deve adquirir dentro do contrato de concessão”. Ao seu lado, o diretor do BNDES, Guilherme Lacerda, secundava: “vamos participar de maneira grandiosa do financiamento da Linha 4, negociando prazo de carência e taxa de juros extremamente favoráveis”. E o presidente da Supervia, aparte: “na pior das hipóteses, ficamos com uma bela oficina.
As primeiras composições, que entrariam em circulação apenas em 2016, de acordo com o contrato de concessão da SuperVia, já começarão a circular em fevereiro de 2014, dois anos antes do previsto. Todos os 20 novos trens (80 carros no total) encomendados nesta primeira fase do contrato com a Alstom serão entregues até setembro de 2014. Eles foram adquiridos diretamente pela Supervia – com financiamento de R$ 300 milhões do BNDES – dispensando licitação.
A aquisição dos trens faz parte do programa de investimentos da SuperVia que, em parceria com o Governo do Estado, aplica R$ 2,4 bilhões na revitalização do sistema ferroviário de passageiros na região metropolitana do Rio de Janeiro. Os 20 trens contarão com design inovador, ar-condicionado, passagem interna entre os vagões, sistema que não permitirá a abertura de portas durante as viagens, TVs e painéis de LED, mapa de linhas digital e capacidade para transportar até 250 passageiros por composição. No total, serão disponibilizados 20 mil lugares a mais para os clientes dos trens.
A nota de humor ficou por conta do presidente da SuperVia, Carlos Cunha, que ao fazer uma apresentação sobre a empresa disse que atualmente os passageiros sabem, ao chegar à estação Central do Brasil, de qual plataforma sairá o seu trem: “pois outro dia estava em Congonhas me preparando para embarcar no portão 2 e ouvi pelo alto falando que devido ao reposicionamento de aeronaves o embarque seria pelo portão 12. Quase perdi o voo”.
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