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Title: Cresce procura por vagões
Author: Anderson Nascimento
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  O anúncio da conclusão do trecho da Ferrovia Norte-Sul entre Anápolis e o Maranhão já está movimentando a indústria de produção de tr...
 
O anúncio da conclusão do trecho da Ferrovia Norte-Sul entre Anápolis e o Maranhão já está movimentando a indústria de produção de trens. Em uma das empresas fabricantes de vagões no País, a procura cresceu 40% este ano e as encomendas deste ano somam 2,6 mil vagões. Em Goiás, a maior procura é por vagões específicos para transporte de grãos, minérios e combustíveis.
A expectativa é que a procura aumente ainda mais nos próximos meses, quando as empresas de logística obtiverem autorização da Valec Engenharia, Construções e Ferrovias para operarem nos trechos já liberados da Norte-Sul. A Valec informou que vem sendo procurada por várias empresas interessadas em participar do processo de oferta pública.
A cessão de direito de uso de capacidade de tráfego está prevista na Política de Livre Acesso ao Subsistema Ferroviário Federal. O objetivo é ampliar a oferta do serviço de Transporte Ferroviário de cargas, ampliando o número de operadores e a concorrência. A estimativa é que a Norte-Sul poderá movimentar 15 milhões de toneladas de cargas por ano.

GRÃOS

A procura na indústria de vagões está sendo puxada pelo transporte de grãos. O presidente da AmstedMaxion, Ricardo Chuahy, informa que a estimativa desse mercado é que cada quilômetro de um novo trecho liberado demande de três a quatro vagões. Ele lembra que a Norte-Sul passa próximo a áreas importantes para produção de grãos, minérios e combustíveis.
"Há uma demanda maior por vagões específicos para estes produtos", destaca Ricardo. Segundo ele, a Amsted Maxion, fabricante que detém 65% do mercado de vagões de carga, oferece vagões adaptados para cada tipo de produto transportado no Brasil e está se antecipando às necessidades desse mercado, que só tende a crescer.
A demanda por vagões para transportes de grãos via Ferrovia já é crescente, uma vez que o transporte rodoviário está congestionando os portos brasileiros. A procura já aumentou 40% e, hoje, a empresa tem encomendas de 2,6 mil vagões para este ano. Além de grãos, também é crescente a procura por vagões que transportem contêineres e minérios no Brasil.
Atualmente, a demanda vem predominantemente de empresas do setor de logística, como a própria VLI Logística, que já está operando no trecho da Ferrovia Norte-Sul entre Palmas (TO) e Açailândia (MA) desde 2007. Com o trecho recém-inaugurado entre Anápolis e Palmas (TO), os produtos goianos já poderão chegar aos portos do Maranhão. Segundo o presidente da AmstedMaxion, a procura também é crescente entre empresas de logística que já atuam em outras Ferrovias do País.
Com muitas empresas de logística operando na Norte-Sul, passa haver mais competição entre elas, resultando em melhores preços e maior qualidade de serviços. De acordo com diretor de operações da Valec, Bento José de Lima, a expectativa é que possa haver redução de custos entre 30% a 40% em alguns trechos.

NOVOS TRECHOS

A AmstedMaxion também exporta vagões e componentes de vagões para países da África e América do Sul. A empresa possui duas fábricas e 3,5 mil funcionários no Brasil. Para Ricardo Chuahy, quem compra um vagão terá de esperar até 120 dias pela entrega. Ele diz que a procura pelos vagões deve crescer ainda mais às medida que as empresas de logística forem fechando contratos de cessão de direito de uso de tráfego na Norte-Sul com a Valec, nos próximos meses, e com a entrada em operação dos novos trechos da Ferrovia até São Paulo, nos próximos anos.
Algumas grandes indústrias, como a Granol, já teriam investido na construção de pátios para terem acesso à Norte-Sul e transportarem seus produtos por ela. Só essa empresa tem potencial de escoamento de um milhão de toneladas de farelo de soja por ano pela Ferrovia, tirando da estrada cerca de 200 mil caminhões.
De acordo com a Valec, até o momento nenhum contrato de cessão de direito de uso de capacidade de tráfego foi celebrado. No último dia 10 de junho, a Agência Nacional De Transportes Terrestres (ANTT) publicou no Diário Oficial da União o Regulamento do Operador Ferroviário Independente, uma importante etapa do processo de implementação da Política de Livre Acesso ao Subsistema Ferroviário. A partir de agora, tais operadores podem ser criados. Os candidatos podem apresentar um pedido de capacidade informando o montante de tráfego da Norte-Sul que pretendem adquirir.

Empresas demonstram interesse

Segundo o diretor superintendente do Porto Seco de Anápolis, Edson Tavares, empresas de outros países já estariam interessadas em investir no Brasil por conta da retomada do setor ferroviário. Ele diz que a Vale ainda precisa assinar contrato com uma empresa que fará a manutenção permanente.
Em entrevista recente ao jornal O Globo, Sebastião Osmar Albertini, gerente da unidade de Anápolis da Granol, lembrou que, para usar a linha, precisa saber quem vai operar, qual vai ser o preço e como será a condição do porto de Itaqui (MA) para receber sua carga, porque lá não há terminais adaptados para o farelo de soja. Portanto, não deve haver impacto este ano.
A Valec informou que já conta com um centro de controle operacional em funcionamento, instalado em Palmas (TO), e realiza estudos para a futura ampliação desse centro, que atende totalmente a operação na Ferrovia Norte-Sul.

Para entrar em operação, ajustes são necessários

Por enquanto, somente a VLI Logística está habilitada a operar na Norte-Sul. Segundo o diretor superintendente do Porto Seco de Anápolis, Edson Tavares, a Ferrovia ainda precisa receber balizamento horizontal e vertical e ter um centro operacional de rastreabilidade com rádio e satélite para operar com total segurança. "Funciona como um controle de espaço aéreo", explica.
Segundo ele, muitas empresas atacadistas e varejistas estão buscando informações sobre quando a Ferrovia efetivamente começa a transportar cargas saindo de Anápolis. Edson informa que o Porto Seco vai adquirir 150 contêineres que serão entregues nos próximos meses.
Inicialmente, a intenção é operar junto com a VLI e fazer testes com uma montadora de motocicletas de Manaus, fazendo o produto chegar até o Sudeste pela Ferrovia Centro-Atlântica, que passa por Anápolis, enquanto o trecho da Norte-Sul até São Paulo fica pronto. O investimento inicial em contêineres, plataformas e locomotivas será de R$ 30 milhões. A intenção é prestar serviços para empresas no transporte de cargas.

INVESTIMENTOS

De acordo com Edson, empresas de Goiânia, Anápolis e Aparecida já possuem um volume de cargas considerável para serem transportadas pela Norte-Sul em contêineres. A expectativa é de uma redução de 30% nos custos com transporte. Segundo ele, até fertilizantes serão transportados pela Ferrovia. "A indústria nacional já está cheia de pedidos de vagões e locomotivas", destaca.

Fonte: O Popular
Publicada em:: 27/06/2014

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