O Museu Ferroviário tem o privilégio de figurar com duas estrelas no respeitado Guia Quatro Rodas do Brasil
Por George Savy
As instalações da extinta Companhia Paulista de Estradas de Ferro em Jundiaí datam de 1892, e ocupam vasta área ao longo da atual Avenida dos Ferroviários. Apesar da necessidade urgente de reformas para garantir a conservação, os prédios e o acervo ali existentes constituem o que há de mais precioso no patrimônio ferroviário estadual. Em nenhuma outra cidade do interior paulista encontraremos num só lugar um acervo tão grande de fotos, maquetes, documentos e livros da história ferroviária de nosso Estado. Tanto é que entusiastas e pesquisadores do mundo ferroviário vem para cá todo ano, e a imagem que levam poderia ser melhor se os órgãos públicos dessem o devido valor a este patrimônio. O Museu Ferroviário tem o privilégio de figurar com duas estrelas no respeitado Guia Quatro Rodas do Brasil. O turista ao chegar e se deparar com antigas locomotivas enferrujadas e pichadas, não consegue esconder a decepção e a revolta. O meio de transporte que alavancou a economia paulista desde o final do século XIX agoniza ao relento nos pátios que não oferecem a devida infraestrutura ao visitante. Esse é o agradecimento dado pelo Estado a todos que trabalharam e doaram suas vidas ao transporte de pessoas e de carga. Burocracia, interesses privados mesquinhos e falta de vontade política bloqueiam as ideias e projetos que poderiam acrescentar ao turismo rural de Jundiaí, o turismo ferroviário. Colocar trens metropolitanos novos e com a mais moderna tecnologia no trajeto Jundiaí – São Paulo, ou tirar do papel o sonho do trem bala, não alavancam a ideia de turismo ferroviário. Para o Museu receber cinco estrelas ao invés de duas, faz-se necessário uma reforma criteriosa de todas as instalações da Companhia Paulista, de todas suas locomotivas e a segurança da documentação em livros e fotos. O extenso pátio de manobras, com vários trilhos entre a Estação Ferroviária e a Vila Graff, poderiam receber iluminação e segurança 24 horas, transformando as velhas cabines e vagões abandonados em postos policiais. No lugar do mato e do lixo, gramados. Se hoje se fala em parques lineares ao longo dos rios Jundiaí e Guapeva, por que não incluir o mesmo conceito de parque ao longo dessa enorme área da ferrovia, que há mais de quinze anos gera insegurança aos moradores das ruas e bairros vizinhos? Jundiaí poderia ser pioneira no país criando o parque ferroviário dentro da área hoje administrada pela América Latina Logística. Basta haver diálogo entre prefeitura, governo estadual e empresa. Dentro deste projeto, estaria a reforma da velha estação ao lado da Rua Dr. Torres Neves e a conservação de ao menos uma casa dentro das vilas ferroviárias da cidade. Algum tempo atrás houve preocupação de moradores destas vilas com a possibilidade de tombamento do conjunto de casas, como nas ruas França e Visconde de Mauá. Não há necessidade de tombamento das vilas, apenas uma residência poderia ser arrematada pelo poder público para ser transformada numa extensão do turismo ferroviário aos finais de semana, e durante a semana ficar aberta para atendimento comunitário da própria vila. Dessa forma, uma residência da vila estaria permanentemente preservada, garantindo as características originais. O alto investimento para reforma das instalações da Companhia Paulista com a criação de um parque ferroviário, não é um tiro no escuro. O pioneirismo deste projeto no país traria resultados positivos financeiramente e em qualidade de vida em médio e longo prazo. Os bairros vizinhos ganham em segurança e qualidade de vida. Jundiaí ganha mais uma opção de turismo. E se firma como referência ferroviária paulista. |
Fonte: Voto Consciente Jundiaí STEFZS ( Sindicato dos Trabalhadores em Empresas Ferroviárias da Zona da Sorocabana) |
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