Desde que começou a produzir o VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), em 2008, a Bom Sinal já fechou venda de 34 unidades para seis Estados. As encomendas, que somam investimentos de R$ 285 milhões, fazem parte da estratégia de prefeituras e governos de várias regiões do País de renovar suas frotas de trens e ao mesmo tempo reativar as linhas ferroviárias ociosas. Os principais atrativos do VLT da Bom Sinal, movidos a diesel e biodiesel, são o preço mais em conta, quatro vezes mais barato que o sistema elétrico, a adaptação às linhas férreas existentes e a facilidade de implantação. Atualmente, dois VLT já estão em operação no Cariri cearense. Os demais estão em produção ou em fase final de teste e serão instalados até o próximo ano. As cidades contempladas são Fortaleza e Sobral, no Ceará, Maceió e Arapiraca, em Alagoas, Recife, em Pernambuco, e Macaé, no Rio de Janeiro.
O VLT Bom Sinal chamou a atenção do mercado principalmente por se adaptar às linhas férreas já existentes. Isso porque o veículo é personalizado na fabricação, de forma a se encaixar nas diferentes bitolas(1m, 1,43m e 1,6m). Assim, é possível utilizar linhas prontas que estavam ociosas ou em uso esporádico para cargas. "São dezenas os municípios onde existem vias férreas e estações pouco utilizadas, cruzando inclusive o centro urbano, com tráfego rodoviário congestionado", afirma Sávio Araújo, gestor de contratos da Bom Sinal.
Outra característica do modelo da Bom Sinal é que o trem não utiliza energia elétrica, portanto dispensa a implantação de geradores elétricos, resistências e outros sistemas ao longo da via. Isso torna o investimento em infraestrutura mais barato e o processo de implantação mais rápido de que os VLT´s elétricos. Para se ter uma ideia, enquanto o custo médio de implantação do trem elétrico é de 40 milhões de reais por quilômetro, o VLT diesel sai por 10 milhões de reais o quilômetro. De qualquer forma, explica Araújo, cada modal é indicado para condições técnicas diferentes. O VLT diesel é indicado como um integrador de grandes centros urbanos ao metrô e outros sistemas de alta capacidade, ou como meio principal de transporte em cidades de menor porte.
Uma particularidade dos VLT´s da Bom Sinal é que eles fazem uso de uma solução integrada de tração, chamada Powerpack. O sistema, desenvolvido pela Voith, fornecedora alemã de produtos e serviços para transmissão de potência, é formado pelo redutor de velocidade, transmissão hidrodinâmica, eixo cardan - que realiza a transmissão de torque e fornece independência às forças motrizes, sistema de arrefecimento - responsável por controlar a temperatura do motor e por último, engate Scharfenberg, que realiza as conexões físicas, elétricas e pneumáticas entre os carros. "É um sistema plug and play. Você pega, instala embaixo do trem, conecta ao truque e já está tudo pronto. É colocar e partir", explica Adelson Martins, gerente de vendas da divisão ferroviária da Voith. Por ser integrado, o sistema permite que o veículo tenha melhor rendimento com menor consumo de combustível, diminuindo a emissão de poluentes.
Na solução Powerpack o motor é alocado de forma horizontal, contribuindo para que não haja desníveis no piso do trem. "O VLT do Cariri não utiliza a tecnologia, existe um ressalto no salão, pois o motor é vertical, convencional. Já os novos modelos possuem a tecnologia da Voith, por isso o piso é perfeitamente horizontal", explica Araújo, da Bom Sinal. Além do sistema de tração integrado, os novos VLT´s possuem passagem entre carros do tipo gangway (sanfona), transmissão hidromecânica, movimentação bidirecional, duas cabines de comando, ar condicionado, sistemas de radiocomunicação, audivisual para passageiros e de vigilância, que assegura que o maquinista está ativo para a condução do trem.
LINHA DE PRODUÇÃO
É da fábrica de Barbalha, no Cariri cearense, que saem as encomendas dos VLT´s diesel da Bom Sinal. Os dois primeiros VLT´s, entregues em janeiro do ano passado, atendem a população de Juazeiro do Norte e de Crato, numa extensão de 13,6 Km. O sistema trabalha com dois trens que realizam 42 viagens por dia. O trajeto possui paradas em oito estações, fazendo a ligação entre as duas cidades em aproximadamente 40 minutos. Em um ano de funcionamento já transportou cerca de 300 mil passageiros. Em 2011 receberá mais um veículo e mais uma estação.
Outro seis contratos estão em andamento e devem começar a funcionar até o primeiro semestre do ano que vem. Até a metade do ano devem entrar em funcionamento quatro dos seis VLT´s adquiridos pelo governo do Ceará para circularem em Fortaleza, a capital do Estado. Os veículos substituirão antigas frotas de composições de carros Pidner, da década de 70, rebocados por locomotivas diesel na linha oeste da cidade. Com os novos trens, a expectativa é que haja uma redução de 80% na emissão de poluentes. A cidade de Recife também receberá até o meio do ano as duas primeiras de sete composições de três carros encomendados pela CBTU-Metrorec, que também vai operar o sistema na capital pernambucana. Os VLT´s substituirão carros Pidner rebocados por locomotivas. Ainda este ano, deve entrar em operação o primeiro VLT de Maceió. No total, a CBTU da cidade encomendou oito composições de três carros.
Para meados de 2012, estão previstas as entregas de mais 11 VLT´s. O governo do Ceará encomendou da Bom Sinal cinco unidades de dois carros, ainda em produção, para servir a região de Sobral. A cidade de Arapiraca (AL) receberá dois VLT´s de dois carros, encomendados pela prefeitura do município, na primeira metade de 2010. No mesmo período, a prefeitura de Macaé (RJ) deve colocar em operação quatro VLT´s de dois carros.
Solução adotada por vários países, os VLT´s estão sendo desenvolvidos no Brasil como alternativa ao ônibus e metrô. O preço acessível e a facilidade na instalação dos modelos da Bom Sinal têm atraído a atenção das regiões Nordeste e Sudeste.
De acordo com a fabricante, a expansão do sistema é importante para estimular o transporte ferroviário de passageiros no Pais. "Acreditamos que podemos contribuir para a recolocação do Brasil no transporte férreo de passageiros, renovando vias ociosas e conquistando novamente o usuário de trem", afirma Marcio Florenzano, diretor comercial da Bom Sinal.
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