A presidente Dilma Rousseff discutiu uma série de projetos de infraestrutura com o presidente do Peru, Ollanta Humala, em visita oficial àquele país. Ambos definiram obras prioritárias em rodovias, ferrovias e hidrovias e vão estudar formas de desenvolvê-las conjuntamente.
Na área ferroviária, há um projeto de interconexão que prevê a ligação dos portos de Paita e Bayóvar, na costa norte do Peru, com as ferrovias Centro-Oeste e a Norte-Sul do Brasil. Caso as obras fiquem prontas, será possível o escoamento de grãos brasileiros para o Peru, que, por sua vez, conseguiria exportar fosfatos para o Brasil, além de ampliar projetos minerais no Norte daquele país.
Nas áreas rodo e hidroviária, Dilma conversou com Humala sobre obras de integração entre Manaus e as cidades de Yurimaguas e Paita. "Nós discutimos a importância da integração rodo e hidroviária, entre o porto de Paita e Yurimaguas, que é por rodovia, e de Yurimaguas a Manaus, que seria por hidrovia", disse a presidente.
Humala apresentou um conjunto de projetos de infraestrutura em que empresas brasileiras devem participar com investimentos de bilhões de dólares. "Nós temos projetos de desenvolvimento petroquímico, em transporte público, de caráter energético, de ampliação de fronteira agrícola, de roaming, de fibra ótica e de modernização de portos e aeroportos, entre outros", afirmou o presidente peruano. De fato, o governo daquele país está desenvolvendo um projeto para a construção do metrô, em Lima, com o interesse direto da OAS, e outro para a construção de um polo petroquímico no Sul daquele país para o qual pretende contar com a Braskem. Outras empresas brasileiras, como a Odebrecht, devem investir na construção de hidrelétricas.
"Em todos esses projetos, estamos definindo regras claras para que possam vir investimentos por parte do Brasil", enfatizou Humala. "Também estamos trabalhando para que empresas peruanas possam ingressar no Brasil e dessa maneira fortalecer e dinamizar as nossas economias", completou.
Durante a visita, os dois presidentes assinaram um acordo que elimina a cobrança de tarifas de roaming em cidades da fronteira do Acre com o Peru. Segundo Dilma, o acordo servirá de parâmetro para outras regiões de fronteira do Brasil. "Nós assinamos um acordo de roaming, que prevê a eliminação de cobrança, e é a primeira vez que é instalado um procedimento como esse para as empresas de telefonia fixa e móvel, em especial para a região com vulnerabilidades específicas pela sua amplidão, como é o caso da Amazônia", afirmou Dilma.
"O acordo poderá servir para outras regiões de fronteiras do Brasil", ressaltou.
Os presidentes assinaram outros dois acordos, ontem. Um deles foi um memorando de entendimento entre as agências nacionais de água dos dois países para troca de informações sobre o manuseio e o desenvolvimento dos recursos hídricos. O outro acordo estabeleceu cooperação e assistência técnica entre os dois países para fortalecer a promoção do emprego e a proteção das relações trabalhistas.
Além dos projetos na área de infraestrutura, o presidente do Peru pretende desenvolver programas sociais do Brasil em seu país. Ele citou, como exemplo, ações na área de educação e saúde. "Programas, como o Farmácia Popular, nos interessam para fortalecer a economia popular e para poder levar os medicamentos a toda a população", disse Humala. "Nós reconhecemos o grande avanço das políticas sociais do Brasil e decidimos fortalecer as zonas de intercâmbio dos ministérios responsáveis pela política social."
A presidente Dilma Rousseff elogiou a ida de bolsistas peruanos que farão graduação e pós no Brasil nas áreas de engenharia e ciências biológicas através do programa Beca 18.
"O Brasil desenvolveu tecnologia na área de inclusão social", disse Dilma, em cerimônia no Palácio do governo peruano. "Nos orgulhamos muito delas, principalmente porque elas produziram mudanças na distribuição de renda do país, reduziram a mortalidade infantil e aumentaram o grau de educação das crianças em idade escolar, que é o objeto do Bolsa Família."
A presidente ressaltou ainda parcerias com o Peru na área de saúde, como a produção de medicamentos contra a malária e a tuberculose. "Também estamos transmitindo ao Peru experiências na área da farmácia popular", enfatizou.
Após a assinatura de acordos, Dilma participou de um encontro do Conselho Empresarial Brasil-Peru. O conselho tem 15 membros de cada país. Ele é formado pelos principais executivos de grandes empresas. No Brasil, participam do conselho: Andrade Gutierrez, Avibras, Braskem, Camargo Corrêa, Embraer, Engevix, Gerdau, Natura, OAS, Odebrecht, Petrobrás, Queiroz Galvão, Vale, Votorantim e TAM.
Fonte: Valor Econômico
Publicada em:: 12/11/2013
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