Brasil pode ter intercâmbio ferroviário com China

30/11/2010 - Agência Câmara

Deputados da Comissão de Viação e Transportes reafirmaram nesta terça-feira, em reunião com representantes do Ministério das Ferrovias da China, apoio ao acordo de cooperação técnica entre os dois países no setor ferroviário.

O coordenador da Frente Parlamentar em Defesa do Transporte Ferroviário, deputado Jaime Martins (PR-MG), destacou que o acordo permitirá o intercâmbio de técnicos brasileiros e chineses para conhecer a tecnologia utilizada em cada país. "O Brasil só tem a ganhar com a possibilidade de herdar uma tecnologia elogiada em todo o mundo", disse.

Segundo Martins, o termo de cooperação está sendo discutido há mais de dois meses entre o Ministério dos Transportes, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e o governo chinês. A expectativa do deputado é de que o texto seja assinado pela presidente eleita Dilma Rousseff ainda no primeiro semestre de 2011. "Existe a possibilidade de a nova presidente visitar a China em abril do ano que vem, ocasião ideal para firmar o convênio", afirmou.

O intercâmbio de tecnologia ferroviária entre Brasil e China deve prever a troca de experiências na construção do Trem de Alta Velocidade (TAV) e de outros projetos de transportes de passageiros sob trilhos.

Em 2011, segundo dados apresentados pela comitiva, a China terá mais de 12 mil quilômetros de trem-bala. Mais que o dobro implementado em países como Espanha, Japão, Coreia do Sul, Alemanha, França e Itália.

Trem-bala

O adiamento da licitação do trem-bala brasileiro também foi discutido na reunião. O leilão, que ocorreria em 16 de dezembro, foi remarcado para 29 de abril de 2011. A nova data para a entrega de propostas foi agendada para 11 de abril do ano que vem.

A comitiva foi questionada pelo deputado Vanderlei Macris (PSDB-SP) sobre os empecilhos existentes na atual licitação para a participação da China no projeto. O representante do Ministério das Ferrovias da China Wang Jiangou argumentou que um dos problemas é o custo total do projeto, estimado pelo governo brasileiro em R$ 33 bilhões, valor considerado pelos chineses aquém do necessário para a construção dos trechos Rio de Janeiro-São Paulo-Campinas. "Trabalhamos com a previsão de gasto entre R$ 40 bi e R$ 50 bi", ressaltou.

A reunião contou com a presença do presidente da Comissão de Viação e Transportes, deputado Milton Monti (PR-SP); do relator da subcomissão especial que trata do transporte de passageiros sobre trilhos nas regiões metropolitanas, deputado Leonardo Quintão (PMDB-MG); dos representantes do governo chinês Wang Jiangou e Liang Jianzhong; e do representante da construtora chinesa China Railway Civil Construction Corporation (CRCC) Roberto Jiang.