Não ficou sem resposta a crítica feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva às empresas concessionárias que atuam no setor ferroviário. De forma polida, o diretor-executivo da Associação Nacional dos Transportes Ferroviários (ANTF), Rodrigo Vilaça, defendeu os investimentos da iniciativa privada na malha nacional nos últimos anos. Procurado pelo PortoGente na última semana, ele custou a acreditar nas declarações que Lula deu em uma solenidade em Cubatão (SP). Depois, apresentou alguns números para tentar colocar “panos quentes” na polêmica.
“Mas o presidente Lula disse isso mesmo? Bem, se sim, e eu admito que não vi o vídeo até o momento, posso dizer que Lula está certo, sabia? É verdade que as ferrovias não foram privatizadas. Elas foram arrendadas por determinado período de tempo. Privatizar é vender, o que não foi o caso. Talvez o presidente tenha dito de uma outra forma, mas enfim, as empresas concessionárias investiram R$ 30 bilhões na malha desde que ocorreram as concessões, sendo R$ 20 bilhões em infraestrutura e R$ 10 bilhões em impostos. Mudamos um cenário estagnado”.
Segundo o presidente Lula, os governantes sempre negaram o Estado e diziam que a única solução era privatizar todas as empresas brasileiras. Vários setores foram privatizados [...] as ferrovias não foram nem privatizadas, as ferrovias foram dadas a determinados grupos empresariais que não fizeram os investimentos necessários”, bravejou o petista.
Rodrigo Vilaça diz estranhar a declaração de Lula porque foi justamente no período em que o petista assumiu o comando do Brasil que o setor ferroviário completou seu ciclo de renascimento. O diretor-executivo observa que a União não tinha condições de, no final dos anos 1990, seguir administrando as ferrovias nacionais, pois isso demandava uma série de recursos não disponíveis nos cofres públicos. Por isso, a contribuição do governo FHC foi mudar o modelo. E no governo de Lula, os frutos foram colhidos.
“São momentos distintos do Brasil que não acho justo compararmos, pois cada um teve sua importância e necessidade. A iniciativa de levar as ferrovias, assim como a mineração, a siderurgia, a telefonia e os terminais portuários à iniciativa privada foi acertada porque a perspectiva de melhoria era nenhuma, zero. A gestão pública era ineficiente, deficitária e não trazia benefício algum ao usuário. Hoje, é evidente que problemas ainda existem, até porque saímos do nada e evoluímos muito, mas nós estamos trabalhando duramente para melhorar e equacionar os problemas”.
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