30/04/2010
Se depender dos coreanos, o Brasil terá tecnologia e know-how suficiente para construir seu próprio Trem de Alta Velocidade nos próximos anos, assim como ocorreu na Coréia do Sul, com o KTX II. “O Brasil hoje vive um momento que já vivemos no passado, no quesito alta velocidade”, afirma Hyun-Yong Cho, presidente e chefe executivo oficial da Korea Rail Network Authority (KRNA), a Autoridade da Rede Ferroviária Coreana.
O ponto máximo da proposta do KTX está na transferência de tecnologia. De acordo com Cho, caso a Coréia do Sul ganhe, o país trará todos os seus conhecimentos para o Brasil, para que este construa, futuramente, seu próprio TAV, com 100% de nacionalização. Porém, não está definido se a Hyundai Rotem, que constrói o KTX, montará uma filial no Brasil, ou se os brasileiros montarão sua própria fábrica de trens-bala com outro nome.
Antes da década de 90, a Coréia do Sul não tinha linhas de TAV. Ela importou a tecnologia da francesa Alstom e feita a transferência do conhecimento, passou a produzir seus próprios trens.
Cho afirma que o KTX II será oferecido na disputa do TAV. De acordo com o executivo, o preço deste trem varia com as especificações, mas quando comparado aos concorrentes, é consideravelmente mais barato. Não está definida também qual operadora gerenciará os trens, mas na apresentação das propostas será revelada a empresa.
Cho ressalta que seu governo não dará subsídio financeiro às empresas coreanas no projeto do TAV. O governo dará somente apoio para ganharmos a licitação e os investimentos serão feitos pela Korail, KRNA, Hyundai Rotem e empreiteiras como Samsung.
Para se ter uma idéia, o serviço do KTX transportou, em setembro do ano passado, 200 milhões de passageiros. Hoje, 100 mil pessoas utilizam o TAV diariamente na Coréia do Sul, inclusive os novos KTX II. A receita do KTX em 2009 atingiu US$ 300 milhões. O serviço ferroviário possui pontualidade quase absoluta, com 98,5%. Em seis anos de operação, não foram registrados acidentes ferroviários.
Cho veio ao Brasil com uma comitiva, que contou com uma série de empresas coreanas, dentre elas Hyundai Rotem, Samsung, Korail e KRNA, que esteve em São Paulo esta semana para afirmar sua presença na disputa do TAV Brasil, que ligará Campinas ao Rio de Janeiro, passando pela metrópole paulista.
Recentemente, o Grupo Bertin, especializado nos setores de agroindústria e energia, afirmou que irá se juntar ao consórcio coreano na disputa do trem-bala. Segundo Paulo Benites, presidente da Trends, que representa a Coréia no Brasil, “o Grupo Bertin terá papel de investidor do projeto”.
KTX I e KTX II
O Korea Train Express – KTX – foi o primeiro trem de alta velocidade da Coréia, feito em parceria com a Alstom francesa na década de 1990. É o maior contrato de transferência de tecnologia já feito no mundo, com 46 trens. Em 1993, a Alstom decidiu transferir 100% da tecnologia de concepção, desenvolvimento e construção do trem e sistemas.
As duas primeiras unidades do KTX foram montadas na França, sendo dez outros trens montados posteriormente na Coréia com componentes franceses e os 34 restantes foram fabricados em solo coreano com 100% de nacionalização. Este modelo, que é uma variação do TGV francês, atinge no máximo 300 km/h. Hoje, a Coréia do Sul possui um novo modelo, já em operação, batizado de KTX II, de fabricação 100% nacional que atinge os 350 km/h comerciais.
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