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Title: Deslizamentos isolam Corcovado e Parque Nacional da Tijuca
Author: Lavras Além do Tempo
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Uma das sete novas maravilhas do mundo moderno, o Cristo Redentor está isolado — assim como todo o Parque Nacional da Tijuca. Segundo o che...

Uma das sete novas maravilhas do mundo moderno, o Cristo Redentor está isolado — assim como todo o Parque Nacional da Tijuca. Segundo o chefe do parque, Bernardo Issa, ao longo dos 42km de estradas que dão acesso à Floresta da Tijuca e ao Corcovado ocorreram pelo menos 283 deslizamentos de terra, pedras e árvores. Uma das quedas de barreira chegou a desviar o curso do Rio Carioca, fazendo com que a água escoe pela Rua Indiana, no Cosme Velho. As quedas de barreira atingiram também os trilhos do Trem do Corcovado, que está sem poder circular.

— Os estragos no parque foram severos. Foram cerca de 155 deslizamentos de pequeno porte, 76 médios, 40 grandes e 12 muito grandes. Não estamos contabilizando quedas de árvores pequenas ou deslizamentos no meio da mata. O parque está interditado por tempo indeterminado. Não recomendamos a ida nem mesmo a pé ou de bicicleta — disse Issa.

Não há prazo para a reabertura da visitação ao monumento, seja por carro ou por trem. Os trabalhos de reforma da estátua foram suspensos.

Somente com ingressos, o prejuízo é de R$ 70 mil diários, ou R$ 2,1 milhões ao mês — o Cristo recebe em média 2.500 turistas por dia. O prefeito Eduardo Paes — que, que como morador da Gávea Pequena, só tem conseguido acessar a residência oficial pela Estrada das Canoas ou pelo Alto da Boa Vista, e não pela Vista Chinesa — disse ao GLOBO que a Geo-Rio vai fazer obras de contenção de encostas estimadas em R$ 5 milhões na área.

Pela primeira vez na história do monumento, que completa 80 anos em 2011, o santuário do Cristo Redentor fica completamente isolado em decorrência de chuvas. Segundo o padre Omar Raposo, reitor do santuário, já houve casos de interdições parciais e por apenas um dia.

Desta vez, até mesmo a casa onde mora o cardeal emérito do Rio, dom Eugenio Sales, no Alto Sumaré, ficou incomunicável por terra. O religioso não pôde sair da residência por três dias.

A situação do Parque Nacional da Tijuca será discutida hoje numa reunião do comitê gestor da unidade de conservação com representantes de Ministério do Meio Ambiente, prefeitura, governo estadual, Instituto Chico Mendes e Iphan. A direção do parque prepara um relatório com as necessidades de recuperação dos acessos, alguns deles seriamente comprometidos. Segundo Issa, uma das passagens terrestres mais prejudicadas é a Estrada do Redentor, que perdeu sustentação nas imediações do Alto da Boa Vista e está interditada pela Defesa Civil.

Na Estrada das Paineiras, duas barreiras desceram a encosta. No trecho, próximo à Capela Silvestre, foi registrada a morte de três crianças num desabamento. Na Vista Chinesa, um trecho do pavimento também cedeu.

Em Santa Teresa, a Rua Almirante Alexandrino está bloqueada após o Centro Educacional Anísio Teixeira (Ceat). Parte da pista cedeu a um quilômetro do quartel do Corpo de Bombeiros, e a rede elétrica foi destruída. Quatro homens da Geo-Rio trabalham no local desde quinta-feira, com o auxílio de uma retroescavadeira, para tentar desobstruir a estrada, mas não há data para que a pista seja liberada.

Do local estão sendo retirados cerca de seis caminhões de detritos por dia. Ontem operários tentavam dividir a raiz de uma jaqueira centenária, cujo tronco tinha mais de um metro de largura, que caiu sobre a estrada. Motoristas que tentavam passar pelo local eram obrigados a dar meia volta.

O acesso ao Parque Nacional da Tijuca pelo Cosme Velho também está interditado. Imensas pedras rolaram de uma encosta, atingindo os fundos da Associação Nikkei do Rio de Janeiro.

Segundo o diretor do Trem do Corcovado, Sávio Neves, são oito os bloqueios ao longo dos quatro quilômetros de trilhos que levam à estátua: — Tivemos que contratar uma empresa para limpar os trilhos. É uma situação extraordinária que a empresa nunca viveu. Nosso prejuízo está próximo de R$ 2 milhões, contando o que estamos deixando de faturar. É uma calamidade.

A Geo-Rio informou que decidirá hoje, em conjunto com a direção do Parque Nacional da Tijuca, quais obras de contenção de encostas são mais emergenciais. As inter venções terão duração de seis meses e a reabertura do parque e o restabelecimento do funcionamento do trem serão decididos pela direção da unidade de conservação, de acordo com o andamento do trabalho da Geo-Rio.

A fundação já está atuando na Rua Almirante Alexandrino. Serão investidos R$ 2,3 milhões na limpeza da via e em obras de drenagem e contenção de encosta. A previsão é que as intervenções também durem seis meses.

Preocupada com o impacto do isolamento do monumento no trade turístico, a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIHRio) vai oficiar o Parque Nacional da Tijuca pedindo a definição de um prazo para a reabertura da visitação pública. Segundo o presidente da entidade, Alfredo Lopes, ter uma data é fundamental para que agências de viagens e hotéis possam informar os turistas, uma vez que pacotes de viagem, pagos antecipadamente, costumam incluir a visitação à estátua.

REPORTAGEM PUBLICADA EM O GLOBO

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