16/09/2010
A situação atual da malha ferroviária do País e as possíveis mudanças propostas pelo governo foram o centro das discussões de um dos painéis de quarta-feira (15) da 16ª Semana de Tecnologia Metroferroviária. Denominado de “Recomposição da Malha Ferroviária Brasileira”, o debate foi coordenado por Vicente Abate, presidente da ABIFER (Associação Brasileira da Indústria Ferroviária).
Um quadro geral da situação da malha viária brasileira atual foi apresentado por Jean Mafra dos Reis, gerente de regulação da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres). “O modal ferroviário transporta apenas 25% do total de cargas do País e as regiões centro-norte brasileiras não possuem linhas férreas”, disse.
Reis expôs detalhes do modelo atual de concessão de ferrovias e apresentou o novo modelo proposto pelo Governo Federal. “Apesar de crescer pouco em extensão, o transporte de cargas sobre trilhos é crescente e o número de acidentes envolvendo o setor está diminuindo, uma vez que concessionários e Governo estão investindo em modernização das linhas”, enfatizou.
Ao começar sua exposição, Rodrigo Vilaça, diretor executivo da ANTF (Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários) afirmou que a malha ferroviária do Brasil ainda está atrasada, mas que, mesmo devagar, está crescendo em extensão e em volume de movimentação. “Esse crescimento será mais efetivo se o planejamento for mais condizente com a realidade do País”, comentou.
De acordo com Vilaça, deve-se tomar cuidado ao copiar modelos de sistemas ferroviários de países europeus, porque existem diferenças de cultura entre esses países e o Brasil. Os concessionários estão investindo em infraestrutura, como modernização e aquisição de material rodante, capacitação de pessoal, em segurança e consciência ambiental. Por isso, na opinião dele, talvez não seja uma boa ideia mudar o sistema de concessões atual.
Uma comparação entre o modelo de concessão total (que é o praticado hoje) e o parcial (proposto pelo Governo) foi o tema da exposição de Jean Carlos Pejo, presidente da J.C. Pejo. Focando os atores do processo de concessão (concessionários, Estado/Governo, agência reguladora, clientes, indústria ferroviária e sociedade), Pejo apontou as vantagens e desvantagens dos dois modelos.
Um debate acalorado encerrou o painel, tendo como balanço a possibilidade de se entrar em um período de testes para, só assim, saber se a mudança no formato das concessões é benéfico ou não para o País.
Comentário do CFVV:
Ouvi uma palestra recentemente de um técnico da ANTT e posso concluir que apesar desta matéria estar certa quanto ao atraso da malha ferroviária brasileira, a mesma ANTT pouco fez para que isto mudasse. Acredito que a Agencia Nacinal de Transporte Terrestres até tem se policiado, mas deveria ser mais fiscalizadora e não somente emissora de autorização para operação de transportes no Brasil. O setor ferroviário foi visivelmente sucateado. Não houve investimentos em novas tecnologias, não houve aproveitamento das iniciativas e estudos daqueles que defendem a ferrovia, que ao meu ver deveriam participar em negociações, muitas vezes feitas por quem não entende nada do assunto. Não houve investimentos em pessoal e nem na diversificação do transporte sobre trilhos. Enquanto em outros países a ferrovia evolui a olhos vistos... Aqui ouve-se da ANTT que não existe mercado para as cargas diversas, serem transportadas por trilhos. Eu me espanto e me recuso a acreditar que este pensamento seja comungado pela agencia como um todo. Sinceramente isto ofende minha inteligência e está completamente na contramão do que nos mostra a tendência mundial, que claramente nos aponta a ferrovia como o melhor caminho. O que falta verdadeiramente mudança nesta política retrógrada, engessada ao meu ver por interesse dos transportes rodoviários que elevaram o custo Brasil e tornaram nossas estradas um caos sem precedentes. É possível conviver, transporte Rodoviário, Ferroviário e Marítimo, sem que um venha a causar danos ao outro. Isto acontece hoje nos USA, na China, Europa e outros Países sendo possível aqui também.
Nós acreditamos na volta da ferrovia como tema principal de debates em nosso País. Como sendo um grande acontecimento que irá nos impulsionar de vez rumo ao primeiro mundo!
Cesar Mori Junior
Abaixo um vídeo demonstrativo de como funciona o transporte de carga pela ferrovia na América do Norte - USA:
PEDIMOS DESCULPAS PELA QUALIDADE DOS VÍDEOS MAS NA CONVERSÃO FEITA PELO BLOGER DA GOOGLE PERDE COMPLETAMENTE A QUALIDADE. ESTAMOS TENTANDO SOLICITAR DA GOOGLE A REPARAÇÃO DESTE SISTEMA QUE FUNCIONAVA BEM ATÉ MAIS OU MENOS DOIS MESES ATRAS
Se preferir assista aqui:
http://www.youtube.com/watch?v=leSpGGy05sc
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Se preferir assista aqui:
http://www.youtube.com/watch?v=Zomc-Bb0xUQ
Vemos nestes vídeos claramente que as cargas podem e devem ser mistas. Também vemos que mesmo que o tráfego seja intenso, o trem de passageiros continua a circular normalmente, provando por A + B que nós estamos literalmente na contramão da tendência mundial. Qualquer coisa em contrário é balela e ou tendenciosa.
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Eu gostaria de saber qual é a realidade da ferrovia brasileira que causa tantos problemas para os investimentos me material rodante e infraestrutura?
Ocusto das máquinas deveria ter sido levando em conta pelos que se propuseram a assumir a RFFSA e isto deveria ser o óbvio! Precisamos acabar com o protecionismo para os poucos que prejudica o País como um todo...
Para mim são justificativas vazias que tentam amenizar o resultado de uma "PRIVATIZAÇÃO" desastrosa, que ao invés de melhorar a malha ferroviária brasileira, contribuiu para pulverizar sua memória e desativar vários trens de passageiros entre outros tantos de carga fora outros itens!
Se isto e avanço devo estar completamente maluco, pois não vejo simplesmente nada neste sentido...
Cesar Mori
Mori, concordo com tudo que vc disse, e acrescento:
1. Problema de cultura? Se isso fosse verdade as malhas não teriam sido privatizadas...
2. Centro e Norte sem malha ferroviária? Mais uma vez os tecno-burocratas mostram que não sabem de nada: Então, onde ficam as
Estradas de Ferro Carajás? A E.F. Amapá? A Norte-Sul? A Novoeste?
3. Obviamente, as concessionárias devem ser TODAS contra qualquer mudança, exceto aquelas que as favoreçam diretamente.Dos 28 mil km privatiazados somente 10 mil estão em uso (36%). Esses trechos poderiam ser entregues para quem se dispuser a explorá-los, por exemplo, os chineses que estão se tornando os maiores investidores externos no Brasil, e estão com um apetite enorme pela infraestrutura. Não vejo a hora de promoverem concorrência entre as operadoras no modal ferroviário. Hoje, o nosso sistema é monopolista nos seus trechos e a maioria delas transporta somente carga do seu interesse (centro de custo).
abs
Prezados
Não moro de amores pelos americanos, mas devemos aproveitar o que a sua sociedade de consumo "produz de melhor", além de lixo eletrônico, armas e bombas: a mobilização da consciência cidadã na participação de interesses comuns envolvendo a memória coletiva.
O cartaz anexado ilustra uma campanha pró restauração da locomotiva a vapor # 223, de 1881, e conta com o apoio da Sociedade das Ferrovias e Locomotivas Históricas (livre tradução minha).
Um artista fez 3 tipos de pinturas, totalizando 500 reproduções vendidas a preços diversos. Se todas foram vendidas, irão arrecadar US$ 57,500.00, equivalente a quase R$ 100.000,00. Além disso, existem as contribuições mensais dos sócios e as generosas doações de ricaços americanos.
Para saber mais, acesse http://www.theunionstation.org/projects_223.html
Penso que a implantação desse tipo de campanha aqui em Terras Brazilis, poderá ajudar muito o nosso (moroso), complexo e burocrático processo de restauro de Ativos Ferroviários, sobretudo se o bem e/ou projeto não estiver inscrito na Lei Rouanet.
Creio não ser necessário dizer mais nada, a não ser pedir que repasse para o "povo dos trilhos".
abs
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Antonio Pastori
Consigliere & Ricercatore Ferroviarista
+55 (21) 9911 - 8365
acdpastori@gmail.com
não estou conseguindo postar a imagem do cartaz que mencionei.
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