Com as obras da Ferrovia Norte-Sul paradas, o prejuízo com cargas que
deixam de ser transportadas, perdas e impostos não arrecadados pode
chegar a US$ 12 bilhões por ano, segundo informações da própria empresa
responsável pelas obras, a Valec, que já gastou US$ 8 bilhões na
construção.
A Ferrovia Norte-Sul começou a ser construída há 25 anos e há três está
parada. O projeto prevê 4.576 mil quilômetros de trilhos, cortando nove
estados, do Maranhão a São Paulo. Até agora pouco mais de 1.500
quilômetros foram totalmente construídos. Entre Palmas, no Tocantins e
Anápolis, em Goiás, 95% da obra estão praticamente prontos, mas a
ligação não está completa. Oito pátios projetados para manobras ou
descarregarem ainda não saíram do papel.
Denúncias de irregularidades também marcam a obra. Em julho deste ano, o
ex-presidente da Valec, Juquinha das Neves foi preso na Operação Trem
Pagador da Polícia Federal, sob suspeita de superfaturamento e desvio de
verbas. Um novo presidente assumiu a Valec e pediu mais R$ 400 milhões
ao Governo Federal.
“Nós temos mais de 1,8 toneladas de cargas aqui para serem
transportadas em ferrovia e não suportamos tudo, fazemos 250 mil, 300
mil. Então, o prejuízo é enorme”, relata o presidente do Porto Seco de
Anápolis Edson Tavares.
Transtornos
Os desvios na GO-244 eram pra ser provisórios, mas já duram três anos.
Na época, o asfalto foi cortado por causa das obras da ferrovia para dar
passagem aos caminhões e maquinários. Enquanto isso para os motoristas
sobram os transtornos. Em Porangatu, no norte do estado, os mais
prejudicados são os produtores rurais.
“É uma pena que tanto dinheiro tenha sido jogado no lixo, mal
aproveitado, sem prestar os devidos benefícios à população, que na
verdade, é quem paga essa conta”, lamenta o pecuarista Maurício Veloso.
Em outra rodovia, a GO-141, entre Estrela do Norte e Mutunópolis. O
problema que surgiu com os desvios foi a poeira e com a chegada das
chuvas a dor de cabeça deve ser os atoleiros. “Isso aqui já tem mais de
dois anos. No ano passado eu até atolei aqui, foi preciso eu passar por
Porangatu, dar uma volta enorme para chegar na minha cidade, que é Mara
Rosa. Pelo que eu estou vendo, esse ano vai ser do mesmo jeito”, diz o
verdureiro Ivan Joaquim Luís.
Indignação que toma conta também dos motoristas que passam pela GO-237,
a rodovia liga Uruaçu aos municípios de Niquelândia e Colinas do Sul e
ainda dá acesso ao Lago Serra da Mesa.
“Está sendo um problema desde quando começou a construção da ferrovia e
a empresa que construía a ferrovia abandonou e deixou o local
inadequado para estar frequentando o Lago da Serra Mesa e a cidade de
Niquelândia”, relata o advogado Wanderley Francisco de Carvalho.
Em Anápolis, a situação que ameaça os moradores do Bairro Novo Paraíso é
a falta de segurança. Segundo eles, depois que a cerca que protegia a
obra caiu, o número de pessoas que circulam pelo local abandonado
aumentou. A dona de casa Raimunda Rodrigues Soares, afirma que o lugar
virou ponto de consumo de drogas. “Os maconheiros fazem a maior festa e é
muito perigoso. Uma hora pode ter até um tiroteio e as crianças ficam
correndo para lá e para cá”, afirma.
De acordo com os moradores do local, a quantidade de sujeira que se
juntou no local desde que a obra parou é muito grande. É tanto lixo
acumulado que chegou a entupir as canaletas que passam ao redor do túnel
e em dias de chuva o lixo se acumula formando poças de água acumulada,
local ideal para a reprodução do mosquito da dengue.
“O maior medo que a gente tem é do mosquito da dengue. Eu já tive duas
vezes e são vários moradores que já tiveram várias vezes”, diz o morador
Carlos Tadeu Dutra.
A Valec informou que os problemas apresentados serão resolvidos com a
execução das obras complementares já em curso, assim como das obras
referentes à construção e estruturação dos Pátios Multimodais em
Porangatu, Uruaçu, Santa Isabel, Jaraguá e Anápolis. Segundo a empresa,
as obras dos pátios já estão em fase de contratação e deverão ser
concluídas até setembro de 2013.
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