15/05/2012 - Jornal do Comércio (RS)
O coordenador do projeto Corredor do Mercosul, consultor João
Manoel Bicca, estima que o transporte pelo Rio Grande do Sul em via
férrea pode representar uma redução em 20% a 25% dos custos para as
cargas da Argentina, Bolívia e Paraguai. Atualmente, a soja paraguaia é
levada por caminhão até Paranaguá, no Paraná. Entretanto, a distância
entre Encarnación (um dos polos produtores) e São Luiz Gonzaga, a ser
enfrentada por rodovia, é de apenas 250 quilômetros. Na cidade gaúcha os
grãos podem ser levados ao trem e seguir para Rio Grande. “O que é
melhor, fazer 250 quilômetros de caminhão e pegar o trem ou fazer mil
quilômetros de caminhão até o porto? Em São Luiz temos, ainda, o apoio
do maior complexo de armazéns da Cesa, com capacidade para 85 mil
toneladas”, questionou Bicca.
Outra articulação possível, mapeada pela Famurs, é entre a Bolívia e o
município argentino de San Tomé. A ferrovia entre o país andino e a
cidade argentina já existe e é operada pela ALL. De San Tomé a carga
precisaria percorrer uma curta distância (cerca de 100 quilômetros) de
caminhão para passar a ponte internacional em São Borja e chegar à
ferrovia em São Luiz Gonzaga, que tem mais 600 quilômetros até o porto
de Rio Grande.
A proposta, garantiu a gerente de relações corporativas e de
patrimônio da ALL, Renata Trevisan, é de interesse da empresa. Segundo
ela, a companhia está investindo mais de R$ 100 milhões na recuperação
de trechos no Rio Grande do Sul. O plano, que começou em 2011, deve ser
concluído até 2014, mas apesar de trazer de volta à operação os trechos
que estavam com “baixa intensidade” não é suficiente para garantir o
crescimento da produção. “Esse crescimento só virá se outros
crescimentos paralelos forem feitos e a ALL se dispõe a participar
nesses investimentos, que seriam, por exemplo, para aumentar a
capacidade de descarga em Rio Grande”, afirmou.
Renata lembrou, ainda, que a Agência Nacional dos Transportes
Terrestres (ANTT) trabalha na criação de um novo marco regulatório para
estabelecer metas por trecho, fazer uma revisão tarifária e possibilitar
a entrada de outros operadores. Para isso, a agência mapeia a
capacidade das linhas e o uso, para averiguar a operação por outras
empresas logísticas. “A ALL não poderia estar à margem desse processo,
dessa discussão sobre o Corredor do Mercosul. Temos plano agressivo de
crescimento no Rio Grande do Sul. Queremos passar de 3 milhões de
toneladas para 6,5 milhões de toneladas transportadas ao ano, nos
próximos anos”, concluiu.
Já o secretário adjunto do Gabinete dos Prefeitos e Relações
Federativas do Estado, Gilson de Brum, comemorou o engajamento das
prefeituras nos debates que podem mudar a economia do Rio Grande do Sul.
Segundo ele, o projeto é conhecido pelo governador Tarso Genro desde o
início do mandato.
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