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Title: LOCOMOTIVA HISTÓRICA APODRECE NO PÁTIO DA USIMINAS
Author: Lavras Além do Tempo
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Encontra-se no pátio da Usiminas Mecânica em Ipatinga uma locomotiva que pertenceu à Ferrovia Teresa Cristina (FTC). Esta locomotiva ...


Encontra-se no pátio da Usiminas Mecânica em Ipatinga uma locomotiva que pertenceu à Ferrovia Teresa Cristina (FTC). Esta locomotiva foi fabricada pela THE BALDWIN LOCOMOTIVE WORKS, Philadelfia – USA no ano de 1944. Trata-se de um modelo Texas, bitola de 1,00m, com conformação de rodas 2-10-4, e Nº de série 62363. Locomotiva de serviço pesado, com chassi (longerão) estendido, para tração de grandes composições, utilizada em longos percursos. Esta, como outras de seu lote, vieram desmontadas dos EUA, foram montadas nas oficinas do Horto em Belo Horizonte, e trabalharam até 1958 nas linhas da Central em Minas, de onde algumas seguiram para Santa Catarina.

Chamando originalmente Donna Thereza Christina Railway Co. Ltd., a FTC foi construída com capital inglês entre 1880 e 1884 por conta do carvão descoberto na região de Tubarão – SC. Dificuldades posteriores levam à encampação da ferrovia pelo governo brasileiro já em 1902 e, em 1957, é incorporada ao patrimônio da estatal RFFSA – Rede Ferroviária Federal SA, no rastro da consolidação de 18 ferrovias regionais em uma única empresa.

O período áureo daquela ferrovia se dá entre os anos de 1983 e 1986, quando o transporte alcançou o nível de sete milhões de toneladas/ano.

Com a superação da crise do petróleo, o fim da obrigação em 1990 das siderúrgica se utilizarem o mínimo de 20% do carvão nacional, e mais a perda de alguns outros clientes, a ferrovia começa a passar por dificuldades.

Em 1997 ela é privatizada, sendo gerida pelo novo concessionário – Ferrovia Tereza Cristina SA (FTC), que a arrendou por um período de 30 anos.

Alguns detalhes se perderam no tempo, mas em algum momento entre 1983 e 1985, exatamente no auge da demanda das locomotivas da FTC, a locomotiva de inscrição 313 é remetida para a então USIMEC em Ipatinga, aonde chegou rodando rebocada. O motivo do envio, segundo alguns, seria para uma atualização mecânica e de desempenho, e que ela, reparada e colocada em ordem, seria o protótipo para serviços a serem executados em mais 12 locomotivas do mesmo modelo. Para outros o objetivo seria o aumento da potência, e para outros ainda seria para a fabricação de outras máquinas iguais.

Hoje, não importando o motivo pelo qual ela veio para a então USIMEC, o fato é que ela se encontra sucateada no pátio da empresa depois de totalmente desmontada. Várias peças vitais desapareceram, como quadrantes, barras radiais e muitas outras, e o que restou foi deixado ao relento sob o sol e a chuva.

Embora o processo de concessão da malha ferroviária nacional tenha inúmeros pontos falhos e questionáveis, todo o patrimônio imóvel ou rodante que pertenceu à RFFSA, a menos que tenha sido vendido explicitamente após a privatização, continua pertencendo à União. 

Assim a locomotiva Baldwin 313 é inquestionavelmente patrimônio federal, que não está sob a concessão de nenhuma empresa operadora, e que, portanto, em princípio, se encontra sob os (des)cuidados federais.

A Usiminas Mecânica, uma vez desmontada a locomotiva, jamais se preocupou em remontá-la, ou ao menos em garantir que as peças seriam preservadas e abrigadas. Ao contrário amontoou as peças em um canto de seu pátio, deixou o tempo fazer seu trabalho, e torceu para que chegasse o dia em que ninguém se lembrasse mais dela, quando certamente a mandaria para a panela da aciaria, mesmo destino absurdo que tantas outras tiveram.

Portanto, a ONGtrem de Belo Horizonte, apoiada pelo CFVV-Circuito Ferroviário Vale Verde do Sul de Minas, Instituto Cidades também de Belo Horizonte,   fizeram denuncia a Procuradoria para a urgente tomada de providências e que a Usiminas Mecânica seja instada a recuperar e/ou colocar em condições de marcha, tal como a recebeu, esta locomotiva Baldwin 313. Equipamento rodante este que se encontra em seu pátio, uma vez que ainda é patrimônio federal, tem uma rica história de serviços prestados a este país e faz parte da memória industrial nacional, além de ser a única Baldwin Texas que sobrou em solo mineiro.

ONGtrem e Instituto Cidades e agora também CFVV - Circuito Ferroviário vale Verde.

Este texto foi enviado ao Sr Procurador Federal
Dr Edmar Gomes Machado
Rua Milton Campos, 32 – Bairro Cidade Nobre
CEP: 35.162-393 – Ipatinga – MG 
No sentido de que medidas sejam tomadas.

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