Estação Ferroviária de Conselheiro Lafaiete |
Mais
um importante passo rumo à preservação do patrimônio histórico de
Lafaiete pode ser dado em breve.
Por meio de um Termo de Ajustamento de
Conduta (TAC), firmado entre o Ministério Público e a MRS Logística, a
cidade poderá ver restaurado o Centro Cultural Maria Andrade de Resende,
que há alguns anos abrigava a Biblioteca Pública Municipal e o Museu
Ferroviário.
De acordo com o promotor de Justiça e curador do Patrimônio Público de Conselheiro Lafaiete, doutor Glauco Peregrino, a MRS já contratou um escritório de arquitetura para elaboração do projeto de restauro do museu.
“Esse projeto foi submetido à
apreciação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
(Iphan), que já o aprovou. Agora estamos aguardando o parecer da
Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), que também tem que
se manifestar sobre o projeto, já que abrange a malha ferroviária.
Somente após essa última manifestação é que poderemos passar à fase de
execução das obras”, explicou.
O prédio cedido pela união ao município, a Estação Ferroviária, onde funcionava a biblioteca municipal, foi erguido em 1833, por ordem de Dom Pedro II. A edificação pertenceu à Ferrovia Pedro II, depois Central do Brasil e à extinta RFFSA, estando hoje sob concessão da MRS Logística.
No ano de 2000, foi
inaugurado no local o Centro Cultural Maria Andrade de Resende, pelo
então prefeito Vicente Faria. O prédio de 11 cômodos abrigava além da
biblioteca o memorial do Conselheiro Lafayette Rodrigues Pereira, e o
Museu Ferroviário, que conta com dezenas de peças, e também uma Maria
Fumaça, a principal atração do Museu.
De portas fechadas
De portas fechadas
O
patrimônio, que deveria ser de utilidade para toda a população da cidade
e seria uma opção de lazer, turismo e cultura, encontra-se de portas
fechadas desde 2009, quando foi interditado por apresentar problemas em
sua estrutura.
Acervo do Museu Ferroviário de Conselheiro Lafaiete |
A biblioteca, que chegava a atender 1.500 pessoas por
mês, conta com um acervo de aproximadamente 26 mil exemplares, e boa
parte desse acervo está encaixotada e guardada na antiga estação,
correndo o risco de serem danificados e ficarem inutilizáveis. Na época
do fechamento, foram detectados problemas no telhado, infiltrações e
falhas nos sistemas elétricos e hidráulicos, e também problemas no piso,
além da ação de roedores.
Muitos ainda não sabem, mas parte do acervo municipal, que ficava no Centro Cultural Maria Andrade Resende, está no Museu Antônio Perdigão, o antigo prédio da cadeia. Uma sala foi cedida para que a biblioteca não ficasse sem um local de atendimento. Os então 19 mil leitores cadastrados podem fazer uso das obras no novo local, porém nem todos os livros que lá se encontram podem ser locados, por causa do pouco espaço, apenas algumas obras estão disponíveis, livros técnicos, por exemplo, podem ser consultados no local, mas não levados para casa.
Locomotiva Orestein Koppel
A locomotiva a vapor 6561 da Orestein e Koppel, popularmente conhecida como “Maria Fumaça”, permanece no Centro Cultural “Maria Andrade de Resende”. No tempo em que o espaço era aberto à visitação, ela foi a principal atração do Museu Ferroviário na antiga Estação Lafayette, inaugurada em 1883 e reativada com a finalidade de visitação turística em maio de 2000.
Sua primeira dona da locomotiva foi a empresa Trajano de Medeiros, fabricante de material rodante, bondes etc. Após a falência, a máquina passou para o Banco do Brasil e foi repassada à Central do Brasil em 1951, rodou até 1968. Um bem tombado pelo município no ano de 1999, a locomotiva foi doada a nossa cidade após passar 31 anos em um depósito na cidade de Três Rios.
Nos trilhos de Lafaiete
Hoje interditado, o espaço que abrigava o
Museu Ferroviário e a Biblioteca Municipal já foi, um dia, a estação de
“Conselheiro Lafayette”. Construída em 1928, no km 462,583, MG-0409
(localização ferroviária), a estação faz parte da primeira linha da
Estrada de Ferro Dom Pedro II, que, a partir de 1889, passou a se chamar
Estação Ferroviária Central do Brasil.
O primeiro trecho foi concluído
em 1858 e partia da estação Dom Pedro II, alcançando Barra do Piraí em
1864. Do Rio de Janeiro, a linha seguiria para Minas Gerais, atingindo
Juiz de Fora, em 1875. A intenção era chegar ao rio São Francisco, e,
dali, partir para Belém do Pará. Comentário: até hoje, ainda não chegou, e até mesmo a Ferrovia Norte Sul; quem sabe um dia.
Sua extensão seguia até Pirapora, às margens do São Francisco, em 1910. Já em 1948, a ferrovia foi prolongada até Monte Azul. Pela linha do centro, passavam os trens para São Paulo (até 1998) e para Minas Gerais (até 1980), até Joaquim Murtinho. Antes, porém, havia mudança de bitola, de 1,60m para métrica, na estação de Conselheiro Lafayette.
Em Gagé, compondo a mesma estrada de ferro, havia a estação na linha do centro (km 473,523 (1928), MG-0410). O prédio, outro importante marco da história local, foi demolido. Os trilhos ainda existem, fazendo-nos lembrar que, naquele local, já existiu uma estação, onde nossos antepassados embarcaram e desembarcaram, enquanto a cidade de Lafaiete se desenvolvia.
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