O Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, será conectado por um trem de passageiros, permitindo que os usuários da capital e da região metropolitana se desloquem para o terminal em questão de minutos. Os projetos elaborados pela Secretaria de Gestão Metropolitana (Segem), órgão vinculado ao governo de Minas, preveem que um ramal seja ligado até o aeroporto, com a velocidade podendo superar 100km/h, depois de eliminadas passagens de nível e feitas correções de curvas. A expectativa é que a parceria público-privada para a implantação dos trens de passageiros em Minas seja lançada no segundo semestre do ano que vem.
Hoje a Secretaria de Gestão Metropolitana lança um site e um portfólio com detalhes das três linhas. O Estado de Minas teve acesso ao plano e apresenta os detalhes mais importantes para cada um dos projetos. Dividido em dois modelos – metropolitano e regional –, o projeto de trens de passageiros (antigamente conhecido por trem suburbano) estabelece um sistema com mais paradas (a cada sete minutos, fluxo semelhante ao do metrô atualmente) e trens para o percurso ao redor da capital e outro mais direto, com todos os passageiros sentados, para a extensão intermunicipal, o que propicia também uma tarifa diferenciada.
Até fevereiro, o projeto para três linhas será elaborado. A linha 1 interliga Divinópolis a Sete Lagoas, passando por Betim, Belo Horizonte e pelo menos outras 12 cidades. Formada por dois ramais, com 245,4 quilômetros de extensão, tem como principais características o fato de cortar cidades que somam mais de 1,5 milhão de habitantes (além da população da capital); ser usada para o transporte de carga e o ramal de quatro quilômetros saindo das proximidades de Pedro Leopoldo até o aeroporto internacional. Para o transporte de passageiros, seria necessário fazer o compartilhamento com a Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) ou mesmo a duplicação dos trilhos.
A ideia é que a atual estação do metrô do Horto seja transformada numa plataforma de integração de modais, facilitando o deslocamento de usuários do sistema de toda a Grande BH. Assim, seria possível o usuário sair do Eldorado ou de Divinópolis, fazer baldeações e seguir até Confins num percurso rápido. Inicialmente, a velocidade seria de 60km/h, semelhante à de um ônibus, mas, por se tratar de um transporte segregado (ou seja, sem interferência de trânsito), o deslocamento seria feito em menos tempo. Com a modernização do modelo, o que deve ocorrer depois de já implantada a linha, a possibilidade é de que o trem atinja 150km/h.
Conexões - A linha 2, totalmente conectada ao metrô, liga o Belvedere a Brumadinho, passando por Ibirité, Sarzedo, Mário Campos e o complexo de Inhotim. Outros dois ramais, iniciados entre Ibirité e o Barreiro, se deslocam até o Eldorado e a Gameleira, fazendo conexão com as estações do metrô. Ao todo, são 76 quilômetros de extensão. O diretor de Planejamento Metropolitano, Articulação e Intersetorialidade da Secretaria de Gestão Metropolitana, Adrián Machado Batista, explica que, apesar de as empresas terem sido escolhidas para elaborar os projetos de engenharia, não necessariamente elas serão as selecionadas para executar os projetos. Com isso, caso o estudo seja aproveitado por outra empresa, eles serão pagos. “As linhas 1 e 2 foram criadas no século 19 e modernizadas no século 20, mas devem ser adequadas para o transporte de passageiros”, afirma.
Por último, a terceira linha sairá de Sabará seguindo até Conselheiro Lafaiete, com um ramal seguindo do distrito de Miguel Burnier até Ouro Preto, tendo forte potencial turístico. Esse foi o único projeto que não teve interessados na elaboração do projeto básico de engenharia. Com isso, o governo assumiu os trabalhos e deve elaborá-los em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A localização das estações das três linhas, feita com base no retorno financeiro previsto, deve ser definida com a conclusão dos projetos de engenharia.
Mas, antes mesmo de iniciar as PPPs, o governo deve começar a elaboração de projetos conceituais para duas outras linhas: BH-Juiz de Fora e a modernização BH-Governador Valadares. As duas integram os estudos que foram feitos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em 2002. Ao todo, foram nove projetos colocados em análise para Minas, mas, por enquanto, os demais estão fora dos planos. Entre eles, o trem do Norte de Minas, que liga Bocaiúva e Janaúba, passando por Montes Claros.
Seminário - Os projetos mineiros serão apresentados no seminário que o Ministério dos Transportes e a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) realizam em Brasília, dia 21, para debater sobre trens de passageiros. A expectativa é que o governo federal defina linha de crédito para elaboração de estudos de modelagem econômica, financeira e jurídica para exploração de trechos ferroviários. O ministério está com estudos de viabilidade em andamento para seis estados. Por enquanto, nenhum de Minas, por estarem os trabalhos nas mãos da Segem.
Última chamada para a Copa 2014 - Depois de documentos confirmarem problemas que podem inviabilizar a conclusão da reforma do terminal 1 do Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, a tempo para a Copa do Mundo de 2014, Minas corre sério risco de também não poder contar com a conclusão do terminal 3 para o evento. O edital publicado ontem pela Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) prevê prazo de um ano para construção do “puxadinho” depois de assinado o contrato. Com isso, caso desta vez haja interesse na licitação, o contrato deve ser assinado no primeiro bimestre do ano que vem, o que significa que qualquer atraso pode resultar na impossibilidade de se ter a estrutura pronta até a bola rolar na competição mundial.
O novo processo basicamente repete o edital adotado na licitação anterior, encerrada sem sucesso. As empresas terão até dia 28 para encaminhar suas propostas. No dia seguinte os envelopes serão abertos. A empresa que apresentar o menor valor é considerada vencedora, desde que respeitado o limite orçamentário do certame. Por se tratar de um projeto incluído no regime diferenciado de contratação (RDC), o valor disponível é mantido em sigilo, acessível somente aos órgãos de controle interno e externo. Na licitação anterior, o fracasso da disputa se deu basicamente por que a Infraero oferecia valor inferior ao mínimo considerado necessário pelas empresas para executar a obra.
Menos exigências Uma revisão pontual no projeto trata da retirada da exigência de que as empresas interessadas comprovem que já tenham feito instalações de pisos em granito, blocos de concreto pré-moldados, painéis de fechamento e tetos com forro mineral, segundo nota encaminhada pela Infraero.
O atraso na obra pode significar a necessidade de em plena Copa’2014 a população e os turistas terem que conviver com um déficit de capacidade do aeroporto. O terminal 1, sem ser ampliado, comporta 10,2 milhões de passageiros/ano. Em 2014, projeções indicam que a unidade deve receber 13 milhões de pessoas. Ou seja, déficit de 2,8 milhões.
A solução para sanar o problema (pelo menos durante a Copa) seria a ampliação do terminal 1 ou a construção do puxadinho, mas há o risco iminente de ambas não estarem prontas. “Temos uma data fatal. Até lá, tudo tem que estar pronto e o tempo está curto. O importante é saber como contornar os problemas até lá”, afirma o consultor em aviação civil Renato Cláudio Costa Pereira. Ele crítica o prazo curto para execução das obras, reiterando a necessidade de intervenções de grande urgência terem um “fusível” para não retardar seus efeitos.
Fonte: Estado de MInas
Publicada em:: 08/11/2012
Postar um comentário
Postar um comentário